Governo debate modelos e alternativas de inclusão digital

22/11/2004 - 17h42

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Modelos e alternativas para inserção de pessoas carentes no universo digital são as questões debatidas na 2ª Mostra de Inclusão Digital do governo federal, que começou hoje e termina quarta-feira (24), na Embrapa, onde, neste mesmo período, acontece o 1º Encontro Internacional de Inclusão Digital para o Desenvolvimento Rural.

Esta tarde, pesquisadores, representantes do governo e da sociedade civil apresentaram ações concretas que auxiliam nesta integração. O primeiro palestrante foi o assessor comunitário do município de Porto Alegre, Alexandre Mesquita. Ele contou como a prefeitura criou os telecentros populares. Neles, é possível acessar a internet e realizar cursos de formação na área, gratuitamente. No entanto, segundo Alexandre, projetos como este precisam de leis que os regulamentem. "Precisamos de um marco regulatório para poder buscar orçamento, recursos e pessoal", ressalta.

Já para Ana Carina Andrade, da Diretoria de Planejamento da Eletronorte, as normas são necessárias para facilitar o uso de programas privados, como Windows. De acordo com ela, o custo das licenças destes softwares é muito alto para projetos sociais: "Precisamos de softwares livres, que não exigem pagamento de taxas".

Segundo Carina, o projeto, realizado na região Norte do país, apresenta peculiaridades. "A maior parte dos nossos usuários tem entre 11 e 16 anos. Cerca de 50% das pesquisas são feitas em páginas de entretenimento", calcula.

O presidente executivo da organização não governamental (Ong) Moradia e Cidadania, Laurêncio Korbes, também possui dados estatísticos. Ele afirma que 32 mil alunos têm certificados de conclusão de cursos oferecidos pela Ong entre 2000 e 2003. Para isso, o estudante precisa contribuir com uma taxa de R$ 15.

Além da inclusão digital, a organização tem projetos de conscientização ecológica. Entre eles, o programa Ecoteca, no zoológico de Brasília. Lá, os alunos aprendem a operar microcomputadores e também ganham o título de agentes ambientais. "Estamos iniciando, ainda, projetos com catadores de lixo. Vamos usar o computador para explicar os cuidados que eles devem ter com o meio ambiente", anuncia.

As áreas rurais também são alvos para a inclusão digital. O professor da Universidade Federal do Ceará, Ermínio Borges Neto, trabalha em assentamentos e oferece acesso à internet aos moradores destes locais de maneira científica. "Todas as nossas ações são baseadas em estudos. Não trabalhamos com achismos. Nos baseamos em dados científicos das universidades brasileiras", explica.

De acordo com ele, os Centros Culturais de Inclusão Digital (Crid) são instalados por órgãos do governo. A partir daí, a comunidade toma conta dos laboratórios. "Nosso maior parceiro é a comunidade. Tudo é dialogado com ela", acentua.

Já para Oswaldo Teixeira, coordenador da Ong mineira Imagem Comunitária, a inclusão digital tem que ir além de cursos de computação e acesso à internet. Para ele, é preciso democratizar os meios de comunicação. "Não basta ter telecentros. É importante gerar criatividade no processo. Assim uma comunidade pode se reconhecer e mostrar seu dia a dia ", conclui.