Marina Domingos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resgate e valorização da raça negra por meio da educação nas áreas remanescentes de quilombos é uma das políticas públicas que está sendo implementada para reduzir a desigualdade racial no país. Outras políticas são a garantia de acesso para alunos negros ao ensino superior por meio de cursinhos populares e cotas, o acompanhamento do atendimento que é oferecido à população negra nos hospitais e a capacitação de policiais, advogados e juízes sobre como lidar com a questão do negro e a violência nas cidades.
"Nós estamos no começo. A demanda pela igualdade racial, que se aproxima ou às vezes se confunde até com a demanda pela inclusão social e com a luta pelo fim da injustiça social, começou a ser atendida muito recentemente", ressaltou o secretário-adjunto da Secretaria Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Douglas Martins.
A própria Seppir está desenvolvendo o programa "Operadores do Direito e a Questão da Igualdade Racial" para ensinar policiais, advogados e juízes como lidar melhor com a comunidade negra. Dados da Organização dos Estados Americanos (OEA) mostram que 70% dos crimes praticados no Rio de Janeiro foram contra pessoas negras, que muitas vezes não são as culpadas nas situações de violência.
"A desconstrução (dessa imagem) é uma das orientações da nossa política. Identificar quais são os elementos racistas e as atitudes da própria instituição que facilitam esse tipo de distorção", destacou Martins.
O secretário lembra que a imagem do negro é constantemente associada a setores excluídos da sociedade, geralmente como moradores de favelas ou da periferia, numa situação de exclusão social que compromete a segurança do próprio negro como cidadão. "O administrador público ou o agente policial não identifica que está agindo a partir de preconceitos", explicou.
No Ministério da Educação (MEC), uma das principais ações da Coordenação de Diversidade e Inclusão Educacional da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade é ajudar na criação de mais cursinhos pré-vestibulares que possam preparar alunos de baixa renda, principalmente negros e indígenas, para disputar uma vaga nas universidades.
"Pensar uma educação anti-racista e anti-sexista, desde a educação infantil até o ensino superior", afirmou a coordenadora-geral de Diversidade e Inclusão Educacional da Secretaria de Educação Continuada e Diversidade (Secad/MEC), Eliane Cavalleiro.
De acordo com ela, em 2004 o MEC ajudou no fortalecimento de 26 instituições que oferecem os cursos, beneficiando cerca de 5.300 alunos. São mais de US$ 9 milhões em empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para investimento nos cursinhos populares até o fim do ano que vem.
"Isso, entendendo a necessidade de formar os profissionais da educação, elaborar e distribuir material didático e pedagógico e também formar gestores de ensino para que possam, em suas regiões, implementar políticas de ação afirmativa", alertou a coordenadora.