Veit acredita que Lula vai mandar abrir os arquivos da ditadura

16/11/2004 - 17h34

Marina Domingos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O futuro presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Augustino Pedro Veit, afirmou hoje que, apesar de não ser uma atribuição da Comissão que vai chefiar, a abertura dos arquivos da ditadura também é uma grande expectativa. Por isso, ele acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se posicionar sobre as reivindicações dos movimentos sociais, modificando o decreto 4.553, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que permite manter documentos públicos em segredo por tempo indeterminado.

"Eu acho que ele não está surdo a todo esse clamor. Alguma forma há de se encontrar para abrirem esses arquivos. Apenas é muito importante a forma como se vai fazer isso, para não gerar mal-entendidos e conflitos desnecessários", ponderou o advogado, indicado pelo secretário Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, para substituir o presidente demissionário da Comissão, João Luiz Pinaud.

Veit não vai poder tomar posse do cargo enquanto o pedido de demissão do atual presidente não tiver sido formalizado, mas isso não preocupa Nilmário Miranda: "O decreto presidencial já está na mesa do presidente da República e será assinado hoje ou amanhã. Portanto amanhã, ou depois de amanhã, já teremos um novo presidente e a comissão voltará à normalidade".

Para Nilmário, Pinaud não se adaptou ao cargo, no qual esteve por apenas quatro meses. De acordo com o ministro, ele confundiu a atribuição da comissão que é apenas de recolher dados que sirvam de base para os processos das famílias. "Parece que ele não entendeu qual o papel dessa comissão, qual o objetivo dela", afirmou o ministro.

Apesar do contratempo, o ministro acredita que Veit é o nome ideal para conduzir os trabalhos da comissão. O novo presidente anunciou que vai acelerar a análise e o julgamento de 120 processos de famílias de vítimas da ditadura militar. "Outra demanda são as ossadas que já foram desenterradas e que precisam ser submetidas ao exame de DNA para identificação", lembrou ele.