Brasília - O prefeito eleito de Maceió, Cícero Almeida (PDT), disse que uma de suas metas é o combate ao crime na periferia da capital. A idéia, segundo ele, é criar e preparar uma guarda municipal para colaborar com as polícias Militar e Civil.
Sobre a montagem da equipe, Cícero Almeida afirmou que pretende reduzir à metade o número de secretarias. Lembrou que a prefeitura tem hoje 36 secretarias e que Salvador (BA), por exemplo, é administrada com 16.
O novo prefeito garantiu que a revitalização do centro de Maceió já tem verba assegurada. "Já foi liberada uma parte equivalente a mais ou menos R$ 4 milhões, mas o projeto tem valor orçado em R$ 50 milhões", acrescentou.
A seguir, a íntegra da entrevista concedida à Rádio Nacional AM:
Rádio Nacional: Prefeito, é preocupante no estado de Alagoas e em todo o Brasil a questão do crime organizado que concentra, também em Maceió, altos índices de corrupção entre autoridades policiais e até do legislativo. São os chamados crimes de pistolagem. De que forma o senhor pretende combater esses crimes ?
Cícero Almeida: O prefeito não tem essa atribuição. O trabalho que vamos fazer é para inibir o crime na periferia de Maceió. Logicamente esses crimes aconteceram em tempos passados. A grande verdade é que a situação tranqüilizou. Eu estava assistindo, há poucos instantes, um canal de TV local e recebi informação sobre um ex-policial, um ex-vereador, condenado a 70 anos de prisão. Esse trabalho, na verdade, a justiça está fazendo com ênfase e temos que enaltecer esse trabalho. Nossa responsabilidade é criar e preparar uma guarda municipal para colaborar com as polícias Militar e Civil a fim de inibir o crime na periferia. Esses crimes que aconteceram no passado, e posso dizer a você com convicção porque sou repórter policial há 22 anos, as pessoas envolvidas já foram denunciadas à Justiça, a maioria delas já foi punida, outras estão na expectativa, acompanhando medidas como essas que foram tomadas pelos juízes. Logicamente a gente fica feliz em saber que aqueles que cometeram esses atos ilícitos serão punidos. E a punição pode ser que venha servir de exemplo a outros que pensam enveredar para o mundo do crime ou cometer arbitrariedades.
Rádio Nacional: Prefeito, outro aspecto de segurança pública é que ontem foi preso mais um fraudador do Bolsa Família , desta vez no município de Boquins, em Sergipe. Como o senhor pretende fiscalizar os recursos dos programas sociais em Maceió?
Cícero Almeida: Veja bem: nós vamos administrar a cidade pela primeira vez com transparência. Infelizmente aqui você não tem acesso a informações, o que é feito, como é revertido para a população o dinheiro, principalmente do governo federal. Eu estive com o presidente e participei de reunião com 44 prefeitos. O presidente, inclusive, foi indagado sobre essas fraudes que aconteceram em algumas cidades. Ele disse que isso não o desmotiva a retirar o Bolsa Família. Ao contrário, vai cobrar cada vez mais dos prefeitos para que acompanhem atentamente a distribuição dessas bolsas e como estão sendo feitas as inscrições das pessoas carentes. Agora, a cobrança maior será feita em cima dos prefeitos. Então, logicamente, estamos assumindo uma prefeitura com independência, temos autonomia para tomar as medidas cabíveis. Vamos acompanhar aqueles que, na verdade, agiram ou que pensam agir com qualquer tipo de irregularidade. Serão punidos e logicamente afastados. Isso aí a população do Brasil e o próprio presidente podem ficar tranqüilos: em Alagoas terão essa tranqüilidade e transparência de saber que o que foi destinado ao estado, principalmente Maceió, estará em boas mãos, nas mãos de quem conhece os problemas do povo e a situação da cidade. Estamos escolhendo pessoas ligadas a essa área e de responsabilidade.
Rádio Nacional: Outra questão preocupa em Maceió, uma capital cuja economia se baseia em grande parte no turismo: é a falta de saneamento básico e infra-estrutura. Um número que chama a atenção é que apenas 30% da população têm acesso à rede de esgoto. Quais serão suas ações nesse setor?
Cícero Almeida: Para se ter uma idéia, estivemos no Ministério do Turismo e escolhemos um bom secretário para o setor. Vamos retomar, a partir de janeiro, o crescimento do turismo em Alagoas. O turista terá oportunidade de voltar a conhecer, já no primeiro semestre da nossa administração, uma nova cidade, com novos pontos para o turismo. O ministro don Turismo, que é do PPB, um partido coligado a nós, me recebeu e colocou-se à disposição para todas as emendas dos cinco deputados federais que nos apóiam. E mais: desengavetamos um projeto que envolve também saneamento básico. Até o momento, não houve interesse daqueles que administram o estado nem o município de colocar essas ações em prática. Nós tivemos essa oportunidade. Enfim, nosso principal objetivo é transformar Maceió em uma das mais lindas cidades desse país.
Rádio Nacional: De que forma o senhor está montando o primeiro escalão do governo? n
Cícero Almeida: Maceió tem um celeiro de grandes nomes e selecionamos o que temos de melhor. É claro que existem alguns partidos que participaram conosco de toda a trajetória política, de toda a campanha. Nós tínhamos 36 secretarias. Salvador, por exemplo, é administrada apenas com 16. Vamos diminuir em 50%, não vamos por imposição dizer que não daremos oportunidade a esses partidos. Nesta semana em Brasília, inclusive, escolhemos um secretário de Saúde, que é um professor de universidade, um ex-deputado federal com atuação durante 12 anos. O secretariado, na verdade, está sendo escolhido por indicação. Por exemplo, o secretário de Turismo foi indicado pelo setor. Então, as pessoas que conhecem cada setor vão participar do nosso secretariado.
Rádio Nacional: O senhor venceu a eleição quebrando um ciclo de governos do PSDB na região. É um desafio com toda certeza. Onde o senhor vai captar recursos para promover mudanças na área de habitação?
Cícero Almeida: Tive a oportunidade de participar de um almoço com o prefeito César Maia no Rio de Janeiro. O projeto Favela-Bairro, implantado lá, deu certo e logicamente vai dar certo em Maceió. E nós não temos o número de favelas que o Rio tinha, então temos facilidade maior de tentar resolver essa situação. Estamos buscando as melhores idéias - o que foi feito em outros estados, o que deu certo. Abrimos os melhores caminhos em Brasília. Conversei com o presidente, com o Aldo Rebelo, que se colocou à disposição. Resta-nos apenas fazer os projetos, não mirabolantes, mas que possam resolver de imediato a situação caótica daqueles que mais precisam, principalmente os desassistidos nos últimos 12 anos pelos atuais administradores. E o que for melhor, repito, nós vamos buscar, vamos lutar.
Rádio Nacional: Uma de suas propostas é revitalizar o centro de Maceió para incentivar o turismo, que é o setor que mais emprega na capital. Ao mesmo tempo, pretende retirar os ambulantes do centro da cidade. Como é que o senhor pensa tratar a questão do desemprego?
Cícero Almeida: Não vou de imediato atingir essas pessoas porque elas são necessitadas, desempregadas, eu conheço o sofrimento de cada uma. Vamos tentar colocar essas pessoas em uma área determinada para que venham a ser prestigiadas. Por exemplo, em Brasília tive oportunidade de conhecer um local fora da cidade, que é muito conhecido, onde a população vai, freqüenta, compra e ajuda. A gente vai tentar buscar esse espaço para os camelôs. A revitalização do centro já tem verba assegurada. Já foi liberada uma parte equivalente a mais ou menos R$ 4 milhões, mas o projeto tem o valor orçado em R$ 50 milhões. Essa primeira parte já foi iniciada e vamos aguardar o restante da liberação do dinheiro para poder concluir, tendo em vista que não haverá mais possibilidade, até o dia 31 de dezembro, da prefeita Kátia concluir essa obra. Vamos dar seqüência e quem vai ganhar é a população, os turistas que terão a oportunidade de conhecer outro centro, na verdade outra cidade.