Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da República Popular da China, Hu Jintao, que se encontra em visita oficial ao Brasil, foi recebido e homenageado em sessão do Congresso Nacional (Câmara e Senado), na tarde de hoje. Ao saudar o visitante, o presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), disse que a presença do presidente chinês torna-se mais significativa porque ocorre em um contexto de "comemoração dos 30 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a China".
João Paulo destacou que nas três décadas de relações diplomáticas entre as duas nações foram firmados mais de 70 instrumentos bilaterais de cooperação. "Também consolidamos um relacionamento amistoso e fraterno, em favor do desenvolvimento econômico e da prosperidade social a que têm direito nossos povos."
O presidente da Câmara disse que as relações comerciais entre o Brasil e a China tornam-se cada vez mais vigorosas. Citou que nas exportações brasileiras destacam-se automóveis, aviões, soja, minério de ferro e madeira e que o Brasil importa dos chineses aparelhos eletrônicos, de telecomunicações, carvão, motores e circuitos integrados, entre outros produtos.
Na saudação ao presidente chinês, João Paulo recordou que, em 2002, os chineses assumiram a posição de maior importador asiático de produtos brasileiros e, no ano seguinte, transformaram-se no terceiro maior importador de produtos brasileiros. "Nossas vendas para a China falam por si: US$ 1,1 bilhão em 2000, US$ 1,9 bilhão em 2001, US$ 2,5 bilhões em 2002 e US$ 4,5 bilhões em 2003."
O presidente Hu Jintao agradeceu a homenagem dos congressistas e afirmou que "há 30 anos atrás, a China e o Brasil, os dois maiores países em desenvolvimento, respectivamente, dos hemisférios leste e oeste, juntaram as mãos como um evento histórico ao estabelecer relações diplomáticas. Trinta anos transcorridos, passamos hoje a desenvolver plenamente a parceria estratégica, cujos elementos estão se enriquecendo crescentemente".
Ele destacou que a China e o Brasil se tornam os mais importantes parceiros comerciais nas respectivas regiões. "As nossas cooperações econômicas estão propensas a vigorosos crescimentos", disse.
O presidente chinês afirmou que a vida do povo de seu país já chegou a um nível "modestamente confortável" e citou que, de 1978 a 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu de US$ 147,3 bilhões para US$ 1,4 trilhão, um crescimento anual de 9,4% na média.
Parceiros
O presidente Hu Jintao espera que as relações da China com a América Latina possam alcançar objetivos como "amigos políticos de confiança em todos os ambientes, com base em apoios mútuos. Parceiros econômicos de benefício mútuo que avançam juntos em um novo ponto de partida, e com vantagens econômicas que se completam reciprocamente".
Hu Jintao citou também como objetivos "interlocutores exemplares no diálogo ativo entre diferentes civilizações mediante o reforço de trocas culturais; aprofundar o consenso estratégico, fortalecendo a confiança política mútua; explorar a potencialidade de cooperações com ênfase nos trabalhos concretos e inovadores e aumentar o conhecimento mútuo, destacando a importância dos intercâmbios culturais".
O presidente chinês afirmou que "as montanhas e os oceanos nunca conseguem cortar os laços da verdadeira amizade". "A China e a América Latina nunca estiveram tão ligadas como hoje, e amanhã estaremos ainda mais ligados do que hoje", disse.
Ao encerrar a sessão solene, que contou com a presença de vários ministros de Estado, deputados, senadores e outras autoridades, o presidente do Congresso, senador José Sarney(PMDB-AP), disse que tem sido um profundo defensor do estreitamento dos laços que unem os povos das duas nações. Ele falou da honra de receber o presidente chinês e sua comitiva e lembrou que "temos ainda um longo caminho pela frente, mas a presença de Vossa Excelência hoje aqui demonstra que nossas almas e desejos estão à altura dessa aventura tão nobre".