Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - De hoje até domingo (14), médicos e especialistas brasileiros e estrangeiros se reúnem, no Riocentro, zona oeste da cidade, para discutir a crise no setor de equipamentos radiológicos do país. Eles participam do 33º Congresso Brasileiro de Radiologia, promovido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. De acordo com os especialistas, o Brasil, que chegou a ser um dos centros mais bem equipados em radiologia do mundo, enfrenta hoje o distanciamento dos equipamentos de ponta importados que não são renovados em razão dos altos custos e por falta de investimentos, tanto do setor público como do privado.
Os dados do Colégio Brasileiro de Radiologia revelam que 50% dos 40 mil equipamentos que existem nos hospitais brasileiros estão tecnologicamente defasados se comparados aos de outros países. Para o presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, Aldemir Humberto Soares, as dificuldades do setor surgiram há sete anos e se agravaram nos últimos cinco anos, principalmente por causa da variação cambial, do aumento dos impostos, da falta de reajuste na remuneração dos exames por imagem, e da dolarização dos insumos.
Segundo os médicos, essas defasagens estão trazendo prejuízos à população, como a imprecisão nos diagnósticos das doenças, o que faz aumentar o risco à saúde do paciente, o tempo e o custo do tratamento. "Os diagnósticos tornam-se não conclusivos e, muitas vezes, realizam-se outros procedimentos que seriam desnecessários", acrescentou o doutor Aldemir.
Como exemplo de defasagem tecnológica ele citou o aparelho utilizado no tratamento de cânceres – o PET-SCAN -, que é adotado pela comunidade médica mundial há aproximadamente 20 anos, mas que chegou ao Brasil no ano passado, sendo que, no Rio de Janeiro, só há uma unidade disponível. Ainda segundo o presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, 70% dos aparelhos de ressonância magnética e tomografia computadorizada que existem nos hospitais do Rio estão obsoletos.
Durante o Congresso, especialistas considerados referências em suas áreas, vão discutir e apresentar novidades no diagnóstico por imagem. O Dr. Barry Alan Siegel, dos Estados Unidos, um dos destaques entre os convidados, vai apresentar um equipamento de tomografia por emissão de positrons (PET-CT) usado para detectar e medir o grau de avanço de tumores. Outro destaque é o médico norte-americano Richard Semelka, que abordará as novas aplicações e seqüências no diagnóstico de doenças malignas no abdome.