Débora Barbosa
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A paciente que recebeu o primeiro transplante de medula óssea no país, com células provenientes de uma unidade de sangue de cordão armazenada em banco de sangue de cordão umbilical público brasileiro, a Brasilcord, teve alta na última segunda-feira (1). O procedimento ocorreu no dia oito de outubro, na Unidade de Transplante de Medula Óssea, do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo.

De acordo com o médico Virgílio Antônio Rensi Couturato, que coordenou a equipe médica, a paciente V.B.C., de nove anos, era portadora de leucemia linfóide aguda e aguardava há um ano por um doador compatível.

Couturato disse que V. recebeu alta na tarde desta segunda-feira, ou seja, 24 dias após a realização do procedimento, e que está em bom estado geral. Segundo ele, a paciente vai permanecer em seguimento ambulatorial semanal para avaliação clínica e laboratorial. "Estamos muito contentes com a evolução do caso, uma vez que a criança está totalmente recuperada nesta
fase e encontra-se em casa, fazendo seguimento ambulatorial", afirmou.

O sangue do cordão umbilical compatível utilizado no transplante foi encontrado entre os 700 cordões armazenados no Banco de Cordão Umbilical do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O procedimento utiliza o sangue que é drenado do umbigo e placenta. Esse sangue é processado para retirada do excesso de glóbulos vermelhos e enviado ao banco, onde é congelado. Após essa etapa, o material é armazenado a 196º Celsius negativos e válido por até vinte anos.

O país sempre teve que recorrer a amostras de sangue em bancos do exterior e, segundo Couturato, o custo é alto. O médico destacou que o desenvolvimento do banco de cordão umbilical é importante, pois possibilita uma disponibilidade imediata de sangue de cordão para a
realização do transplante de medula óssea, caso tenha compatibilidade.

"Esperamos que o sucesso deste procedimento estimule cada vez mais o hábito de doar. No caso do sangue de cordão, estrutura que seria desprezada após o parto, pode ser preservada através da coleta do sangue proveniente do cordão que, se congelados, tem um potencial grande de vir
a ser usado a um custo muito menor do que aquele que se procura numa unidade de sangue de cordão de banco de sangue de cordão internacional", disse.