Ato em São Paulo lembra morte de Carlos Marighella

04/11/2004 - 8h27

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Um ato público será realizado hoje (4) às 14h em São Paulo para lembrar os 35 anos do assassinato do dirigente e fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, por agentes do Departamento da Ordem Política e Social (Dops). O ato será realizado no local da morte de Marighella, na Alameda Casa Branca, altura do número 802, onde será fundada uma pedra-marco em substituição a outra, que estava no local e desapareceu.

O evento foi convocado por um grupo de intelectuais, entre os quais Clara Charf, secretária de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores e viúva de Marighella, Antônio Cândido, professor emérito da Universidade de São Paulo e Paulo Vanuchi, diretor do Instituto de Cidadania. O evento conta com apoio da Câmara Municipal paulistana.

Carlos Marighella era baiano e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde a juventude. Após o golpe militar de 1964, Marighella rompeu com o partido - que se mantinha na ilegalidade - e fundou a ALN, defendendo a guerrilha urbana como forma de luta contra a ditadura. "A simbologia desse ato, de fazer atividade ali na rua onde ele foi assassinado, é muito importante porque nós estamos na época da verdade, de resgatar a história. A gente tem de fazer isso, porque o povo brasileiro não pode ficar ignorando, porque os livros escolares dão muito pouco ou quase nada do que aconteceu na época, dos crimes. Eles assassinaram, esconderam. E tudo isso, a maioria da população não sabe", propõe Clara Charf.

"Depois do golpe, eu tive meus direitos políticos cassados por dez anos. Eu não podia usar meu nome, eu não podia trabalhar, eu não podia arranjar emprego, fazer concurso público. Durante dez anos, eu fiquei sem meus direitos políticos e civis. Isso porque eu fui contra o golpe militar. Nós éramos daquela corrente de ação e pensamento que julgamos que foi um crime depor um governo eleito constitucionalmente, só porque estava propondo reformas de base no Brasil: reforma agrária, reforma urbana e reforma educacional, que eram as grandes bandeiras do governo de João Goulart", diz Clara.