Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Tião Viana (PT-AC) resumiu hoje, com uma frase, a necessidade de entendimento entre governo e a oposição para que se possam votar projetos importantes que estão parados no Senado. "É preciso unir o amargo (da derrota) com o doce (da vitória)", disse o parlamentar, ao defender o realinhamento das forças políticas que dão sustentação ao Governo Lula, depois do resultado das eleições municipais.
Segundo o senador, "o momento impõe humildade aos que não souberam perder". Ele defendeu a realização de "uma pauta pactuada por todos os líderes no Senado", para que propostas como a Parceria Público-Privada (PPP), a reforma do Judiciário e a definição dos marcos regulatórios das agências públicas possam ter andamento.
Praticamente toda sessão não deliberativa desta tarde foi tomada por avaliações das eleições municipais.
O senador César Borges (PFL-BA), derrotado para a Prefeitura de Salvador, foi à tribuna para denunciar um suposto abuso da máquina administrativa. "A posição do PT na Bahia nos deixou decepcionados pelo uso da máquina pública. Não é um partido confiável", afirmou Borges.
Em aparte ao senador baiano, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que ainda durante o primeiro turno das eleições coordenou um jantar entre senadores do PFL com o presidente Lula, no Palácio da Alvorada, foi ainda mais duro. Criticou a atuação de ministros na campanha eleitoral no seu estado, em especial o da Saúde, Humberto Costa, a quem chamou de "incompetente" e "cínico". Antônio Carlos prometeu apresentar em plenário vídeos mostrando o que o ministro da Saúde afirmou nos palanques baianos.
Para o petista Tião Viana, atitudes como a do senador Antonio Carlos Magalhães não são apropriadas para o momento. "Aqueles que reagem com o fígado, perderão na política. Os que agirem com o interesse nacional, ganharão", afirmou.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ressaltou que as eleições terminaram e o interesse de todos agora é votar as matérias de interesse do país paradas no parlamento, como o projeto da PPP. Mas alertou que da forma como está proposta não há qualquer possibilidade de se avançar neste projeto (PPP), e reivindicou que o governo retome as negociações para que se possa chegar a um consenso mínimo sobre o assunto.
Virgílio disse, ainda, que o PSDB retoma os trabalhos no Senado "disposto a elencar, junto com as demais lideranças, os projetos que são de interesse do país". No entanto, criticou o número de medidas provisórias encaminhadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso, "que acabam por prejudicar a tramitação de matérias importantes".