Brasília, 1/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Vírgilio Arraes disse hoje que espera do governo do futuro presidente uruguaio, Tabaré Vazquez, mais integração "às grandes políticas que vêm sendo desenvolvidas no Mercosul pelo Brasil e pela Argentina". Em entrevista à Rádio Nacional AM, o professor afirmou que Vazquez irá valorizar mais o Mercosul do que os últimos governantes do Uruguai.
"Há duas sinalizações em relação à maior integração com o Mercosul: o acordo de livre comércio assinado com os Estados Unidos alguns dias atrás e o lançamento da candidatura de um uruguaio à Organização Mundial do Comércio, no momento em que o Brasil também pleiteia a vaga. Então, ter um governo mais afinado com os governos do Brasil e da Argentina nesse momento, a fim de reforçar o Mercosul, é positivo", afirmou o professor.
Quanto aos Estados Unidos, Arraes acredita que o futuro presidente americano deve prestigiar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Tanto o candidato republicano como o democrata têm como prioridade número um para a América Latina a instalação da Alca". Para o professor, esta é a oportunidade de reforçar a política agroexportadora do governo.
Arraes destacou que a eleição americana depende do líder da organização Al Qaeda, Osama Bin Laden. "O líder do grupo terrorista, que agrega alguns milhares, e seus seguidores continuam livres e soltos desafiando a maior potência do mundo. Então, se o candidato democrata conseguir explorar bem isso, os fatos são prejudiciais à reeleição do candidato Bush", disse ele.
Na opinião do professor, assim seria possível a vitória do candidato John Kerry. Segundo Arraes, esta seria uma possibilidade de fortalecimento da Organização das Nações Unidas. "A ONU volta novamente a ser o centro das negociações diplomáticas e outras potências deverão ser envolvidas, como a Rússia, a própria União Européia, a França e a Alemanha", explicou.
O professor acredita que, com isso poderia haver a médio prazo uma saída para as negociações de um governo soberano do Iraque. "Mas, na visão americana, se os Estados Unidos saíssem nos próximos meses do Iraque, o petróleo poderia subir mais por causa da ausência de produção iraquiana", concluiu Arraes.