Professor da UnB considera sistema eleitoral brasileiro mais avançado que o dos EUA

31/10/2004 - 13h22

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Virgílio Arraes, disse que o sistema eletrônico de votação do Brasil é mais avançado do que o norte-americano. As urnas eletrônicas usadas nos EUA não permitem a impressão dos votos, o que inviabiliza a checagem da apuração. Os americanos comparacerão às urnas na próxima terça-feira, para escolher do presidente do país.

Em entrevista à Rádio Nacional AM, Arraes disse que os Estados Unidos deveriam retomar a discussão sobre a modernização do processo eleitoral. "Esse debate deveria voltar porque garantiria maior segurança às eleições, reafirmaria mais o princípio democrático", defendeu.

A maior parte dos estados norte-americanos ainda utiliza as cédulas de papel. Uma conseqüência desse sistema, segundo Virgílio Arraes, é a demora na apuração. "Essa incerteza de alguns dias nos Estados Unidos deixa apreensiva parte do mundo em função dos rumos que a política internacional vai ter", afirmou o cientista político.

De acordo com Arraes, para a política internacional a divisão da eleição nos EUA entre o candidato republicano à reeleição George W. Bush e o democrata John Kerry representa dois caminhos distintos: um mais individualista, já demonstrado por Bush que nem sempre segue as decisões dos organismos internacionais; e outro com mais cooperação entre os países, defendido por Kerry.

"Qualquer ação de política internacional norte-americana tem reflexos, ao menos indiretos, no mundo todo", destacou.

Virgílio Arraes disse que a eleição nos EUA vai ser disputada voto a voto. Segundo ele, a declaração feita por Osama Bin Laden a poucos dias da eleição deve ser explorada pelos dois candidatos. Bin Laden é suspeito de ser responsável pelos atentados ao Pentágono e ao World Trade Center, em 2001.

"A princípio seria favorável ao Bush, mas o Kerry pode conseguir explorar isso para mostrar que, três anos depois, o exército americano não conseguiu capturar Bin Laden, revelando uma política militar e de segurança falhas", explicou o cientista político.