Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil
Fortaleza - A boca de urna será reprimida no segundo turno das eleições municipais de Fortaleza com o mesmo rigor do primeiro turno. É o que garante o presidente do Tribunal Regional do Ceará, desembargador Fernando Luiz Ximenes Rocha. "Nós temos dito que durante a campanha a festa é dos candidatos, mas no dia da eleição, a festa é do eleitor, é da democracia. Então é preciso respeitar isso para que o eleitor possa exercer livremente o seu direito de cidadania, sem qualquer tipo de coação", afirmou.
O desembargador Ximenes afirmou que, por se tratar de um "crime de menor potencial ofensivo", as pessoas acham que podem fazer boca de urna sem maiores preocupações porque nada vai acontecer se forem presas. E lembrou que isso não é verdade e que uma detenção por esse crime pode trazer conseqüências sérias para o infrator como por exemplo, ficar impedido de assumir cargo público.
Mas o pior efeito, segundo o desembargador, é contra a democracia: "Cada eleição é uma oportunidade para a gente educar o nosso povo, permitir que os debates sejam feitos, que as propostas sejam colocadas, que as discussões sejam acirradas, que as paixões aflorem mas, que se respeite a liberdade do voto", disse afirmou.
Nem sempre, porém, o eleitor parece disposto a exercer essa liberdade. No primeiro turno das eleições em Fortaleza, 21.166 eleitores votaram em branco e 45.521 anularam o voto. Para o presidente do TRE-CE, porém, isso pode ser "uma forma de expressar a sua insatisfação".
"Às vezes o eleitor está contrariado com os candidatos, com a conjuntura política, mas, nós, enquanto justiça eleitoral, estimulamos a que ele exerça o seu direito de cidadania, procurando analisar o perfil dos candidatos, votando naquele que considera poder representa-lo melhor".
Segundo desembargador, esse é o caminho para se aprimorar a democracia mesmo que signifique aceitar que uma estrela de shows eróticos se apresente como candidata e seja eleita vereadora, como aconteceu nestas eleições em Fortaleza com a eleição da stripper Débora Soft. Para ele, não há como impedir esse tipo de candidatura e aos partidos cabe estabelecer os critérios para a indicação dos candidatos.
"A regra geral é de que todo cidadão tem o direito de ser votado, exceto aqueles que a lei impede de se candidatarem. Agora, eu acho que as pessoas precisam fazer uma reflexão maior na escolha dos candidatos e também os partidos políticos devem assumir uma responsabilidade maior na indicação de pessoas que possam na verdade dar uma contribuição", disse.