Prefeitos de oito capitais não terão maioria nas Câmaras Legislativas

31/10/2004 - 7h51

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os prefeitos dos oito maiores colégios eleitorais do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Recife e Porto Alegre - , todos com mais de um milhão de eleitores, terão que negociar com a futura Câmara de Vereadores de suas cidades para garantir maioria consolidada.

Em São Paulo, por exemplo, os candidatos José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) não têm maioria no Legislativo. Se José Serra for eleito, sua coligação soma 20 votos dos 55 vereadores da Câmara. Já os partidos que apoiam a reeleição de Marta Suplicy lhe garantem 24 votos dos 28 necessários para maioria na Assembléia.

No caso de São Paulo, partidos como o PMDB e PSB mantiveram-se neutros no segundo turno das eleições. Os dois partidos somam cinco votos na Assembléia Legislativa. Nas eleições do último dia 3, PT e PSDB, que agora disputam o segundo turno, fizeram 13 vereadores cada. O PTB, que apóia Marta Suplicy será o fiel da balança da próxima administração de São Paulo. Os trabalhistas têm sete vereadores e se consolidaram como segunda maior força política.

Já no Rio de Janeiro, a coligação que reelegeu o prefeito César Maia (PFL) não lhe garante maioria na Câmara de Vereadores. PFL, PSDB, PSDC, PRTB, PTN, PV e PtdoB somam 23 vereadores, três a menos dos 26 necessários para dar maioria ao prefeito. A Câmara do Rio tem 50 vereadores. O PTB, que já foi da base política de César Maia, fez três vereadores nas últimas
eleições. Por decisão do comando nacional, o partido deixou a coligação do prefeito para apoiar o candidato do PT, Jorge Bitar.

Em Belo Horizonte (MG), outra capital que reelegeu o prefeito no primeiro turno, a coligação partidária de Fernando Pimentel (PT) lhe garante 21 dos 41 votos da Câmara de Vereadores. Uma maioria apertada que o prefeito terá que ampliar para garantir a aprovação de seus projetos. Nesta coligação, o PT tem a maior bancada com sete vereadores.

Na capital baiana, a aliança de seis partidos a favor do candidato João Henrique Carneiro (PDT) foi ampliada neste segundo turno, na disputa contra o pefelista César Borges. Se os partidos que estão com João Henrique, inclusive o PT, confirmarem sustentação política para uma eventual administração pedetista em Salvador, ele contará, de saída, com 22 dos 41 votos da Câmara de Vereadores.

O candidato do PFL tem 14 vereadores de sua coligação (PFL-PP-PL-PTN-PAN-PHS-PRP-PTdoB). César Borges, se eleito, precisaria de uma nova recomposição de forças que lhe garantisse pelo menos mais sete votos na Câmara de Vereadores para ter maioria.

Já em Fortaleza (CE), tanto Luizianne Lins (PT) quanto Moroni Torgan (PFL), também não têm maioria na Câmara de Vereadores. A aliança política de nove partidos que estão com Luizianne no segundo turno lhe garantem 16 dos 41 vereadores. A situação de Torgan é mais complicada. PFL, PAN, PTC e PL, que o apoiam no segundo turno, somam sete cadeiras na Câmara de Vereadores.

No caso da capital cearense, se a candidata petista for eleita terá que negociar com o PMDB, PSL, PSDB, PTN, PMN e PP para garantir a maioria necessária que lhe permita aprovar os projetos de seu governo. Só o PMDB tem sete cadeiras na Câmara de Vereadores. O PSL tem quatro, PSDB tem dois, PP, PSDB e PMN dois cada e o PTN tem um vereador.

Os candidatos à prefeitura de Curitiba (PR), Beto Richa (PSDB) e Ângelo Vanhoni (PT) também não têm maioria na Câmara de Vereadores. Das 38 cadeiras, a coligação que levou Beto Richa para o segundo turno fez 13 vereadores e a do candidato do PT, 12. O PPS, que tem quatro vereadores, por exemplo, se manteve neutro neste segundo turno.

Apesar de reeleito no primeiro turno, o prefeito de Recife (PE), João Paulo, é outro que terá que negociar para garantir maioria no Legislativo. A coligação de nove partidos lhe renderam 13 dos 38 votos na Câmara de Vereadores. Para assegurar maioria parlamentar, João Paulo necessita de, pelo menos, mais seis votos. Só o PMDB do governador Jarbas Vasconcelos, seu principal adversário político, tem quatro votos na Câmara de Vereadores.

João Paulo, no entanto, poderá buscar apoio junto aos partidos que dão sustentação política ao governo Lula como o PTB, que tem quatro vereadores, o PP que fez três vereadores e o PL do vice-presidente José Alencar, que garantiu duas cadeiras no legislativo da capital pernambucana.

Em Porto Alegre (RS), a coligação do atual prefeito Raul Pont (PT) fez 13 vereadores, cinco a menos que a maioria da Câmara. Já a coligação que apóia José Fogaça (PPS), soma 21 das 36 cadeiras da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Só o PDT e o PTB, que na capital gaúcha não acompanhou a decisão do Diretório Nacional, somam 10 vereadores