Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O consultor e cientista político do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos César Alexandre avalia que a presença da mulher no poder depende da construção de liderança. "As mulheres não têm como ser eleitas sem se firmar como liderança", afirmou César Alexandre em entrevista à NBR, canal a cabo da Radiobrás.
Dos 43 municípios em que estão sendo realizados segundo turno, em apenas sete as mulheres disputam cargos eletivos.
De acordo com o cientista, as mulheres precisam participar ativamente do processo político para criar uma base social que dê condições de elegibilidade. César Alexandre disse acreditar que o que elege hoje um candidato ou uma candidata são as entidades representativas, como sindicatos e associações comunitárias. Por isso, o consultor lembra ser importante que as mulheres trabalhem nessas organizações para construir uma base social. "A partir do momento que a mulher se destaca dentro de uma base social, a probabilidade de ela chegar, se candidatar e ser eleita é muito maior", disse César Alexandre.
No primeiro turno das eleições, 404 mulheres foram eleitas para assumir prefeituras. O número representa 7,32% do total de eleitos, segundo dados do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). Na disputa para as câmaras municipais, 6.555 mulheres se elegeram vereadoras, ocupando 12,65% de todas as vagas.
Para a cientista política da Universidade de Brasília (UnB) Lúcia Avelar a participação das mulheres na política vem se consolidando progressivamente "às vezes com passos maiores, às vezes timidamente". "Eu acho que as eleições de 2004 caracterizaram um avanço bastante tímido", avaliou a cientista política em entrevista à Rádio Nacional AM.
Em números absolutos, menos mulheres se elegeram em 2004 em comparação com as eleições de 2000. Proporcionalmente, a participação feminina foi ampliada em apenas 1%, de 11,61% para 12,65%. "Só para se ter uma idéia, dos 15 mil candidatos que se apresentaram no Brasil para as eleições municipais de 2004, apenas 1.400 eram mulheres e, dessas, apenas 140 concorriam ao cargo de prefeitas", disse Lúcia Avelar. "Essa mudança política é lenta mesmo. Isso acontece em qualquer lugar do mundo e não seria de se esperar de uma hora para a outra uma mudança muito mais acelerada", concluiu.
Colaborou Benedito Mendonça, repórter da Agência Brasil