Candidatos em Fortaleza eram <i>azarões</i> no primeiro turno

31/10/2004 - 7h56

Olga Bardawil e Márcia Wonghon
Repórteres da Agência Brasil

Fortaleza - Educação, saúde e segurança são palavras obrigatórias na resposta de quase 1,3 milhão de eleitores, quando a pergunta é sobre o que esperam da futura administração da capital cearense. Na disputa pelo cargo estão o deputado federal Moroni Torgan, do PFL, e a deputada estadual Luizianne Lins, do PT.

No primeiro turno nenhum dos dois era apontado como favorito, já que havia pelo menos três candidatos aparentemente com mais chances. Mas como dois "azarões", ambos acabaram chegando ao segundo turno. Fizeram uma campanha acirrada, com momentos de alta tensão em que a troca de acusações de ambos os lados praticamente jogou por terra o acordo de não agressão, pactuado durante o primeiro turno.

Moroni Torgan, 48 anos, é gaúcho de Porto Alegre, delegado aposentado da Polícia Federal. Mudou-se em 1983 para o Ceará, onde atuou no combate ao narcotráfico, antes de iniciar a carreira política em 88: foi deputado federal e vice-governador na gestão de Tasso Jereissati, com quem acabou rompendo. Por sua formação profissional, Moroni é ligado à segurança e ao combate à violência, o que lhe valeu indicação para comissões parlamentares de inquérito (CPIs) como a de investigação do caso PC Farias. Ele ganhou projeção nacional quando presidiu a CPI do Narcotráfico, onde interrogou pessoalmente, diante das câmeras, o traficante Fernandinho Beira-Mar. O resultado foram 296 mil votos no primeiro turno. Membro da igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como dos Mórmons, Moroni Torgan conta com o apoio de boa parte das igrejas evangélicas.

Luizianne Lins, 36 anos, nascida e criada em Fortaleza, é representante da geração pós-Constituinte, que ganhou o direito de votar aos 16 anos, a partir de 1989. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará, Luizianne foi líder estudantil e depois passou no concurso para trabalhar na Emlurb, a empresa de limpeza urbana da prefeitura. Com grande prestígio junto ao eleitorado jovem, Luizianne construiu sua carreira política com prioridade para o apoio às comunidades carentes, em especial nos problemas relacionados à educação e às crianças. A candidatura dela não era considerada viável, mas contririou as expectativas e obteve 248 mil votos.