Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Cultura, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e associações cinematográficas vão tentar rever, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) a recomendação de que filmes só poderão ser financiados pelas leis Rouanet (8.313/1991) ou do Audiovisual (8.685/1993) se tiverem chances de serem exibidos. O ministro da Casa Civil, José Dirceu, sugere que seja formado um grupo para ir ao TCU expor as razões e a realidade. "Tenho certeza de que o TCU teve boa intenção", afirmou o ministro ontem durante encontro com cineastas e representantes do Ministério da Cultura.
O secretário do Audiovisual, Orlando Senna, disse que houve um choque quando as pessoas receberam o parecer do TCU. "Existem dois aspectos no parecer: um é fiscalização e tratamento adequado para recursos públicos empregados nas atividades de cinema, que é muito positivo, e outro é como isso pode ser encaminhado, aí merece mais reflexão", afirmou.
O presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, cineasta Geraldo Moraes, acha que é preciso entrar em contato com o TCU. O objetivo é prestar informações técnicas na medida em que as recomendações do tribunal se baseiam em questões que são absolutamente impossíveis de serem previstas. E questiona: "Qual é o produto industrial, não somente um produto cinematográfico, que você pode garantir que vá fazer sucesso no mercado?"
Segundo Orlando Senna, o ministério está recolhendo as opiniões das entidades e pessoas envolvidas na produção cinematográfica e audiovisual. "Pretendemos informar e oferecer subsídios aos ministros do TCU para que essa questão seja encaminhada da melhor maneira possível para o desenvolvimento do cinema brasileiro".
A vice-presidente da Associação Brasileira dos Cineastas do Rio de Janeiro
(Abraci), Tetê Moraes, informa que a entidade, juntamente com outras organizações e sindicatos, enviou solicitação à Secretaria do Audiovisual para que faça a intermediação das conversas com o TCU. "Talvez os juízes não tenham a obrigação de conhecer, em detalhes, a dinâmica do funcionamento da produção, distribuição, exibição e realidade de mercado do cinema brasileiro", explica a cineasta.