Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, na próxima semana, de reunião com chefes de Estado que integram o Grupo do Rio. Criado em 1986, o grupo integra 19 países das Américas do Sul e Central, mais o México, com o objetivo de ampliar a cooperação política entre eles e de tratar de questões internacionais de interesse comum. Segundo o coordenador nacional do Grupo do Rio, ministro Marcelo Leonardo da Silva Vasconcelos, a criação de instrumentos financeiros que possam custear programas de combate à fome e à pobreza e a cooperação com o Haiti deverão centralizar os debates durante a XVIII Reunião de Chefes de Estado e de Governo do Grupo do Rio, que será realizada de 2 a 5 de novembro no Rio de Janeiro.
Vasconcelos acredita que a idéia de criar um fundo de combate à fome e à pobreza, que foi apresentada pelo presidente Lula na Assembléia Geral Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro do ano passado, deve ganhar força entre os países membros. "Não é um tema que foi esquecido, nossa idéia é mantê-lo, sempre que possível, nas agendas internacionais", afirmou o diplomata. Presidentes de 10 destes países já confirmaram presença no encontro da próxima semana.
O coordenador do Grupo do Rio informou que o governo brasileiro tem mantido contato com organismos internacionais para ver a possibilidade de financiamento. "Este é o momento político de demonstrar que o tema segue com todo interesse do presidente Lula", destacou Vasconcelos.
Segundo o diplomata, o governo brasileiro deve se empenhar em demonstrar a necessidade de reforço para as tropas militares que atuam no Haiti, sob a coordenação do Brasil. De acordo com ele, atualmente, metade do contigente necessário, que é de 6.700 homens, atua no país. "Isso não permite que as forças atuem dentro do esperado", disse. O governo espera que, até o fim deste mês, seis mil homens atuem nas forças militares que estão no Haiti. Chile e Equador se comprometeram a enviar engenheiros militares, e Paraguai e Uruguai estudam a possibilidade de também enviar militares.
Marcelo Vasconcelos também lembrou que o Brasil deve se empenhar nas discussões sobre projetos de impacto social no Haiti. Ele disse que o governo interino do Haiti tem demonstrado dificuldade em gerir recursos que possam implementar esses projetos.
Outro tema de interesse que será tratado durante o encontro de chefes de Estado é a criação de uma autoridade sul-americana de investimentos. Essa entidade atuaria como órgão de investimento para captação e pagamento de recursos. O objetivo do novo órgão seria evitar que os países se endividassem. A idéia ainda está em estudo, disse o diplomata. "Necessitamos conhecer e fazer consultas específicas para ver se estamos dispostos a aprovar", observou.
Relatórios sobre o impacto da globalização e a criação de um parlamento comum entre os países integrados também serão apresentados durante o encontro do Grupo do Rio. Vasconcelos disse que o encontro discutirá também o fato de que a globalização não diminui a importância de os países promoverem associações regionais, como o Mercosul, por exemplo.
Uma agenda de temas livres também deve ser tratada entre os chefes de Estado, como o apoio dos países membros à retomada do diálogo com Cuba. Segundo Marcelo Vasconcelos, alguns países da América Central estão reticentes a esse diálogo. Além disso, os bastidores do encontro também servirão para discussões em torno de um novo nome para a Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Alguns países membros lançaram candidatos ao cargo.
Além do presidente brasileiro confirmaram presença os presidentes da Costa Rica, México, Uruguai, Guiana, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Bolívia República Dominicana. A data da ida do presidente Lula ao Rio de Janeiro para participar do encontro ainda está indefinida. Deve ocorrer, em tese, na quinta-feira (5), quando os presidentes vão se reunir.