Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O representante do programa de Saúde Materna da Organização Mundial de Saúde (OMS), Enrique Ezcurra, afirmou hoje que o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade acerta ao incluir a sociedade brasileira em todas as etapas de sua elaboração. "O esforço concentrado foi o que mais me chamou a atenção", disse. Ezcurra participou hoje do debate A Redução da Mortalidade Materna: um Desafio, realizado na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília.
O plano foi lançado pelo governo federal em março deste ano e inclui um pacto de gestão com estados e municípios, que prevê apoio financeiro e investimento na formação de profissionais.
Segundo Maria José Araújo, coordenadora da área técnica de saúde do Ministério da Saúde, atualmente contam com o apoio do governo federal 78 municípios de pequeno, médio e grande portes com altos índices de morte materna e cesáreas, além de elevado número de óbitos de recém-nascidos com até 28 dias.
"Neste momento, é realizada a formação de pessoal de 14 maternidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, bem como dos principais diretores, buscando a qualificação das atenções. Na semana de 22 a 26 de novembro, serão capacitados profissionais de maternidades do Norte e do Nordeste do Brasil", disse.
Em todo o mundo, aproximadamente 530 mil mulheres morrem por ano de causas relacionadas à maternidade, como hipertensão, hemorragias, abortos e infecções. Pelo menos 90% delas vivem em áreas pobres, de acordo com Ezcurra.
Para o representante da OMS, para alterar esse quadro é preciso tornar o tema uma prioridade política. Ezcurra cita como exemplos índices apresentados por Brasil e Cuba. Enquanto o Brasil registra 74 mortes de mulheres por 100 mil bebês nascidos vivos, Cuba registra 24 óbitos. "Há 30 anos, Cuba vem tomando medidas, priorizando a saúde, sendo um exemplo notável. A força de trabalho na área é qualificada e pelo menos 99% dos partos são feitos por especialistas", explica.
A falta de atendimento qualificado, é segundo ele, uma das principais causas de morte. Ezcurra afirma que a África concentra 90% dos casos de óbitos no mundo por ser um continente com "pouco desenvolvimento econômico, pouco pessoal médico qualificado e problemas em infra-estrutura".