Caio d'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A partir de novembro, 600 pesquisadores começam a fazer um levantamento sobre a educação em 6,3 mil assentamentos de reforma agrária criados a partir de 1985 no país. O trabalho vai durar dois meses e deve revelar qual a oferta e a demanda educacional em cerca de três milhões de assentados.
A pesquisa vai averiguar desde as estruturas das escolas – se há prédios, mesas e cadeiras – até a capacidade de atendimento, como o grau de instrução dos professores e número de alunos atendidos. Também serão levantadas informações sobre transporte e merenda escolar, oferta de material didático, entre outros aspectos que caracterizam uma escola.
Para a Diretora de Informações Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Linda Goulart, o trabalho "extrapola" a educação para identificar a qualidade de vida nos assentamentos. "Estamos pensando educação no sentido bem mais amplo do que só ensinar", enfatiza.
Em agosto, 35 instituições governamentais e não-governamentais, entre eles o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), realizaram, em Luziânia (GO), a 2ª Conferência Nacional por uma Educação no Campo. Durante cinco dias foram levantados os principais problemas que afligem a educação no campo, e de lá saiu um documento com 22 propostas contendo prioridades para investimentos. "A diferença é que agora nós vamos levantar a realidade com rigor metodológico", afirmou Goulart.
O trabalho é inédito no país e as informações colhidas irão subsidiar a elaboração de políticas públicas voltadas para o ensino no campo. Além disso, a pesquisa possibilitará a identificação das escolas de educação básica localizadas nos assentamentos da Reforma Agrária que ainda não integram o Censo Escolar. Com isso, essas escolas podem receber já a partir do ano que vem os benefícios que as escolas recenseadas recebem.
Paralelamente ao levantamento dos dados sobre a educação nos assentamentos, o MEC vai realizar uma pesquisa por amostragem com 10.200 famílias em 510 assentamentos. A idéia é identificar as necessidades das famílias assentadas, e se essas necessidades são atendidas, além da expectativa dessas pessoas com relação à educação.