Pires: luta contra corrupção não altera, de imediato, opinião internacional sobre o Brasil

20/10/2004 - 19h46

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Waldir Pires, afirmou hoje, em nota divulgada pelo órgão, que "não viu surpresa no índice revelado pela pesquisa da Transparência Internacional, pois o governo tem plena consciência de que a sua luta contra a corrupção não é daquelas que produzem, de imediato, alteração na opinião internacional a respeito do país".

A pesquisa da Organização Não Governamental Transparência Internacional indica que o nível de corrupção no Brasil não melhorou no último ano. Segundo Waldir Pires, o resultado da pesquisa referente ao Brasil foi negativo porque o público pesquisado, composto de empresários ligados ao comércio internacional, escritórios de advocacia nacionais e internacionais, banqueiros e agências internacionais, não acompanha o dia-a-dia das ações do governo de cada país, para detectar, de forma imediata, onde está acontecendo um trabalho de combate à corrupção.

"Tenho certeza, por exemplo, que os brasileiros que acompanham, aqui dentro, o que vem sendo feito, a partir do ano passado, principalmente pela Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal, têm outra idéia sobre a luta contra a corrupção em nosso país, por parte do Governo Federal", diz o ministro na nota.

A nota da CGU é a seguinte, na íntegra:

"O Governo tem plena consciência de que a sua luta contra a corrupção não é daquelas que produzem, de imediato, alteração na opinião internacional a respeito do país. Por isso não viu surpresa no índice revelado pela pesquisa da Transparência Internacional. É bom lembrar que, em 1999, a Itália ao final de sete anos de sua famosa "Operação Mãos Limpas", subiu apenas 1,71 ponto na sua nota.

Temos plena consciência, em primeiro lugar, que o indiscutível aumento das ações de combate à corrupção, que é uma das marcas do Governo Lula, poderia até, num primeiro momento, aumentar a noção sobre a existência da corrupção, já que as pesquisas da Transparência Internacional medem apenas a percepção sobre ela. (Esse aparente paradoxo – intensifica-se o combate à corrupção e cresce a percepção sobre ela - é explicado em estudos internacionais sobre o assunto, como o de Stuart Gilman, ex-presidente da Comissão de Ética dos Estados Unidos e professor da Universidade George Washington).

Em segundo lugar, há que se observar que o público pesquisado é composto de empresários ligados ao comércio internacional, grandes escritórios de advocacia nacionais e internacionais, banqueiros e agências internacionais. É evidente que esse público não acompanha o dia-a-dia das ações do governo de cada país, para detectar, de forma imediata, onde está acontecendo um trabalho de combate à corrupção, como é o caso do Brasil. Tenho certeza, por exemplo, que os brasileiros que acompanham, aqui dentro, o que vem sendo feito a partir do ano passado, principalmente pela Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal, tem outra idéia sobre a luta contra a corrupção em nosso país, por parte do Governo Federal.

É importante lembrar, em terceiro lugar, que o índice revelado na pesquisa, conforme dito pela representação da Transparência Internacional no Brasil, não se refere à esfera federal isoladamente e sim ao poder público nas suas três esferas federativas (União, Estados e Municípios) e nos três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário). A esse respeito, aliás, cabe dizer que um dos pontos críticos que vêm sendo apontados em pesquisas do gênero, em nosso país, como áreas onde a corrupção é maior, está exatamente na cobrança e fiscalização do ICMS, que é um imposto estadual."