Viegas considera ''inaceitável'' a primeira nota oficial do Exército sobre a repressão na ditadura

19/10/2004 - 18h59

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Defesa, José Viegas, considera que a nova versão da nota oficial do Exército, divulgada nesta terça-feira (19), encerra o assunto sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-CODI em 1975. Antes de comentar o caso, o ministro disse que mostrou a nota ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Assunto encerrado. Bem resolvido. A nota esclarece definitivamente as coisas ao agravo do presidente da República e do ministro da Defesa", disse. Viegas destacou ainda que o episódio "não deixa seqüelas". "Apesar do incidente, os envolvidos no caso não perderão seus cargos", prometeu.

Em entrevista à imprensa, o ministro da Defesa classificou a primeira nota de "inaceitável". Indagado sobre o porquê de sua opinião, Viegas disse: "Por quê? Pelo teor dela. Pelo que a opinião pública brasileira sabe".

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Mário Heringer (PDT-MG), declarou que vai propor a reabertura das investigações dos documentos da repressão na ditadura militar depois que fotos inéditas da prisão de Vladimir Herzog foram divulgadas pelo jornal Correio Braziliense.

A primeira nota oficial, publicada no último domingo, o Ministério da Defesa enfatizou que não existem documentos que comprovem tortura e assassinatos pela repressão da ditadura militar. "Quanto às mortes que teriam ocorrido durante as operações, o Ministério da Defesa tem, insistentemente, enfatizado que não há documentos históricos que as comprovem, tendo em vista que os registros operacionais e da atividade de inteligência da época foram destruídos em virtude de determinação legal", citava o documento.