Manejo florestal sustentável ajuda pequeno produtor acreano a complementar renda

18/10/2004 - 17h50

Bianca Estrella
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O manejo florestal sustentável para pequenas propriedades está ajudando famílias a complementar sua renda. Cerca de 17 famílias que moram nas comunidades Nabor Júnior e Granada, que fazem parte do projeto de colonização Peixoto, e nos municípios de Acrelândia e Plácido de Castro, no Acre, estão recebendo orientação de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de técnicos da Secretaria Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Seater).

As famílias desenvolvem projetos de manejo florestal, onde exploram madeira e produzem carvão, a partir dos restos deixados na retirada de madeira cerrada ou pelas derrubadas feitas para formar roçados. A previsão é de que os participantes do projeto extraiam mais de 300 metros cúbicos de madeira cerrada, ainda neste ano. A madeira já está sendo vendida ao preço médio de R$ 900 o metro.

Paralelamente à atividade florestal, as famílias trabalham para transformar seus lotes em unidades poliprodutivas, combinando lavoura com cultura de frutas, café com criação de gado e também de pequenos animais. O engenheiro florestal e pesquisador da área de manejo florestal Marcos Vinícius Neves explica que a experiência nasceu de uma situação gerada pela legislação ambiental que não permite o uso de mais da metade dos lotes concedidos aos colonos pelo Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra). "Aprender a tirar dinheiro da metade destinada a reserva legal sem causar a destruição da natureza foi o desafio a que se propuseram os produtores e pesquisadores deste projeto", lembrou Neves.

Segundo a legislação atual, o colono pode desmatar apenas 20% da propriedade. "Quando nós começamos o projeto, existiam propriedades com mais de 50% de área desmatada", salientou o engenheiro florestal. De acordo com Neves, o grande objetivo do projeto foi mudar a visão do produtor em relação à floresta. "No início, o produtor via a floresta como um obstáculo ao desenvolvimento da sua propriedade. Com a entrada do manejo florestal, essa ótica se inverteu e o colono passou a ver a floresta como uma opção econômica", disse o engenheiro.

Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, Marcos Vinícius Neves ressaltou que, hoje, a exploração de madeira na região já está certificada porque é feita seguindo técnicas de manejo florestal. "A certificação facilita várias ações do produtor, principalmente o momento da comercialização da madeira, que acaba sendo vendida mais com maior valor", explicou.

Marcos Vinícius Neves informou que as comunidades que quiserem participar do projeto podem entrar em contato com a Embrapa-Acre pelo telefone (68) 212-3271.