Ministério humaniza ambiente de trabalho e valoriza cultura

14/10/2004 - 6h27

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Dois painéis de Portinari serão doados por seu filho, João Cândido, para a nova decoração da entrada principal do prédio do Ministério da Cultura, que está sendo todo reformado. As obras abrangem aspectos de segurança e qualidade de trabalho, como sistema de ventilação e proteção a incêndios, e também novo layout na fachada do edifício e transformações na forma de trabalho.

Uma das idéias do arquiteto Oscar Niemeyer, ao desenhar os prédios da Esplanada, era de que eles tivessem abundância de luz natural. É possível observar nos edifícios grande quantidade de vidros do primeiro ao último andar. Mas, na prática, a idéia não funcionou tão bem. Longos corredores e muitas divisórias fazem das salas locais fechados, mal ventilados e escuros.

O arquiteto Fabrício Pedroza, responsável pela obra no Minc, quer retomar a idéia original de Niemeyer. Para isso, desenhou espaços abertos com muita luz natural. Segundo o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o objetivo é humanizar o ambiente de trabalho com muitas cores, plantas e objetos de arte. "Vamos democratizar os nossos ambientes, estendendo a todos os privilégios de uma arquitetura mais aconchegante, menos impessoal, que sempre ficou restrita aos gabinetes de ministros e secretários executivos", explica.

Para concretizar o projeto, 90% das divisórias serão retiradas. As salas não serão mais fechadas e sim divididas por painéis de, no máximo, 1m20 de altura, o que deverá permitir a passagem da luz natural e reduzir os custos com energia elétrica. A não existência dos corredores deverá beneficiar também a circulação de ar. As colunas centrais do prédio, que hoje demarcam as divisões das salas, ficarão à mostra e irão abrigar fotografias e obras de arte.

Outra característica do trabalho de Oscar Niemeyer, que Fabrício Pedroza pretende resgatar, são os amplos halls existentes, não apenas no térreo, mas em todos os andares em frente ao elevador. Pedroza quer transformar esses espaços em salas de estar e de exposições permanentes. Cada andar deverá ter um tema. No quarto pavimento, onde fica o gabinete de Gilberto Gil, os povos indígenas serão os homenageados. No terceiro, as raízes negras terão destaque. No segundo andar, o espaço será para a herança lusitana e a língua portuguesa. Já o primeiro, irá mostrar os imigrantes brasileiros e o Brasil atual.

Segundo a assessoria do Minc, em fevereiro Pedroza apresentou o projeto a Niemeyer que o aprovou inteiramente. A reforma está sendo feita em etapas. A primeira começou neste mês e deve ir até dezembro, englobando do 1º ao 4º andar. Cerca de 400 servidores trabalham no edifício do Ministério da Cultura. A obra só deve ser concluída em junho de 2005.