Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Treze experiências de organizações da sociedade civil preocupadas com a promoção da igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho serão apresentadas no livro que será lançado hoje em São Paulo. A publicação "Igualdade de Gênero no Mundo do Trabalho: projetos brasileiros que fazem a diferença" foi elaborada por centrais sindicais e instituições ligadas ao trabalho e tem como objetivo lembrar a importância da participação feminina nas negociações trabalhistas dos sindicatos.
Segundo a secretária nacional de Políticas para as Mulheres da Força Sindical, Neuza Barbosa, o livro traz todas as fases dos projetos desenvolvidos, eventos e seminários que trataram do assunto. "Nosso trabalho foi feito para sensibilizar as várias instâncias sobre a questão da importância da inclusão de gênero dentro do mundo do trabalho", disse. Para ela a mulher trabalhadora não pode ser excluída de discussões que tratem de negociações salariais e políticas públicas. "Não podemos permitir que apenas os homens discutam por nós. É importante a participação da mulher em todas essas instâncias".
O documento foi financiado por uma parceria entre centrais sindicais e instituições como o Fundo para a Igualdade de Gênero (FIG) da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA). Além disso, contou com a participação de órgãos técnicos, como Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), que elaboraram estudos sobre a questão da inclusão da mulher no mercado de trabalho. "Os órgãos técnicos mostraram dados que exibem as dificuldades dessas mulheres e isso nos possibilita a discussão de políticas e ações para romper essas barreiras e ocupar esses espaços", afirma Neuza.
Um dos projetos retratados no livro é "Sindicalismo do Cone Sul e a Questão da Mulher Trabalhadora: Conquistas e Desafios para o Sec. 21", que envolve os países do Cone Sul (Paraguai, Chile, Argentina e Uruguai) e o Brasil. Segundo a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), o projeto contribuiu para que as mulheres desses países tivessem mais representatividade no Mercosul. A coordenadora do projeto, Marina Silva, da CGT, explica que, apesar de as mulheres terem se destacado em diversos espaços da cena política, sua presença ainda é restrita porque, principalmente nos países do Cone Sul, ainda impera o machismo. "Os dirigentes sindicais do Mercosul são muito machistas".
De acordo com Marina, mesmo quando as mulheres estavam nas direções das centrais, elas ocupavam cargos inferiores. Com o projeto foi possível alterar esse quadro. Segundo Marina, as mulheres da Central Única dos Trabalhadores do Paraguai são exemplo disso. "Há mais mulheres hoje na CUT Paraguai. Na CUT Chile também não havia nenhum organismo dentro da central que discutisse as questões das mulheres e hoje já existe um departamento para a mulher nessa central".
Além da Força Sindical, Seade e Dieese, colaboraram com a edição do livro: Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Centro de Estudos das Relações de Trabalho e das Desigualdades (CEERT), Confederação Nacional dos Bancários (CNB) e a Social Democracia Sindical (SDS).