Rio, 14/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Marcílio Marques Moreira, mostrou-se preocupado ante a possibilidade de o Brasil ficar para trás no atual momento de incremento da economia global – a previsão é de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial em torno de 5%. Mas deixou clara sua confiança na reversão do rebaixamento do Brasil no ranking de interesse dos investidores.
O ex-ministro da Economia disse ter acompanhado desde o início a série de pesquisas da consultora A. T. Kearney, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando o Brasil ocupava a terceira posição, logo depois dos Estados Unidos, empatados com a China, e disse ver com preocupação esse nosso "deslize para a 17ª posição".
Marques Moreira atribuiu o fato "à dissonância entre a política macroeconômica muito bem conduzida e a uma grande confusão em termos da agenda interna microeconômica, com enfraquecimento das agências reguladoras e pouca clareza quanto aos investimentos na área estratégica de infra-estrutura, eletricidade, transportes". Segundo analisou, isso leva os investidores a uma situação de cautela, enquanto outros países, como China e Índia, ao contrário, têm avançado muito para atrair investimentos.
O presidente da ACRJ disse ainda esperar, no entanto, que a agenda microeconômica do Brasil vá convergir para a agenda macroeconômica, "que tem sido conduzida de uma maneira extremamente racional e consistente – já consistente agora por mais de uma década".
Dentro da agenda micro que o governo deve priorizar a partir de agora, Marcílio Marques Moreira indicou que o primeiro passo deve ser dado na área das agências reguladoras. "É preciso deixar bem claro que elas têm e terão autonomia para regular as atividades, sobretudo na área de concessões. Não pode haver dúvidas quanto à interferência dos governos em áreas como formação de preços, que não é função de governo, porque os investidores vão aplicar seus recursos com um horizonte de 20, 30 anos. A relação deles é com o Estado, com o país, e não com um ou outro governo que, pela própria alternância típica e inerente às democracias, tendem a mudar. É preciso dar aos investidores essa segurança e também uma segurança jurisdicional, no sentido de que as leis e os contratos serão respeitados", avaliou.