Baixo preço dos cigarros incentiva acesso dos jovens, diz médica do Inca

11/10/2004 - 15h29

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – O baixo preço dos cigarros facilita o acesso de jovens ao fumo. A afirmação é da chefe da Divisão de Programa de Controle de Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer, Tânia Cavalcanti. "Uma das portas de entrada para a iniciação que se dá em 90% entre os jovens é preço, é a facilidade de acesso com o baixo preço", disse.

Tânia Cavalcanti afirmou que as ações já adotadas pelo governo brasileiro no combate ao tabagismo vem trazendo resultados, mas poderiam avançar mais se houvesse um aumento do preço do cigarro fabricado no Brasil. "Essa é uma das ações que o Banco Mundial recomenda que os países adotem, porque é uma das ações que têm grande eficácia, principalmente na população jovem que é o público alvo na estratégia de mercado para que as pessoas comecem a fumar", concluiu.

A chefe da divisão do INCA informou que os ministérios da Fazenda e da Saúde estudam as possibilidades de aumento de impostos a um nível que possa ser transferido para os preços, sem que favoreça o aumento do contrabando. "Ao mesmo tempo em que o governo brasileiro vem trabalhando ativamente para coibir o contrabando, ao mesmo tempo vem estudando possibilidades de que através de aumentos de impostos se consiga também aumentar os preços de cigarros", explicou.

O Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Agravos Não-Transmissíveis, desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer e Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, comprovou que o cigarro vendido no mercado legal brasileiro é o sexto mais barato do mundo. A pesquisa mostra que o preço cai ainda mais quando o produto é vendido por camelôs.

Das 23 447 entrevistas realizadas em 16 cidades pesquisadas (Belém, Manaus, Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Recife, Campo Grande, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Distrito Federal) em pessoas com idade superior a 15 anos, 14,8% responderam que compram cigarros em camelôs. O número chegou ao dobro em Belém e Campo Grande.