Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - No Paraná, segundo dados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), existem 40 acampamentos e 270 assentamentos. São 30 mil sem terra, sendo 1,8 mil crianças - todas estudando, muitas delas freqüentando as escolas itinerantes. Atualmente existem cinco escolas desse tipo no Estado.
Dentre as reivindicações que essas crianças estão fazendo ao governo do Estado está o pedido para que este projeto seja mantido e ampliado. O governador Roberto Requião afirma que é obrigação do Estado garantir a educação às crianças.
Para o coordenador pedagógico de uma das escolas itinerantes, Alessandro Mariano, é fundamental ampliar este tipo de ensino no Paraná. "Assim elas não perderiam conteúdo quando precisassem se mudar. Além disso, professores identificados com a realidade dos 'sem terrinhas' conseguem transformar as dificuldades em elementos pedagógicos eficientes", explicou.
Os 'sem terrinhas', por sua vez, entendem que a principal diferença entre as crianças da cidade e as do campo é o trabalho. "Nossa vida é um pouco mais tumultuada porque temos que trabalhar na roça e ajudar com os animais. Mas no campo a vida é melhor porque convivemos com os bichos, brincamos mais e a nossa saúde é melhor porque a alimentação é mais saudável", disse Lucas, de 13 anos, que reside em um assentamento em Quedas do Iguaçu. Ele também trabalha como sonoplasta na Rádio Camponesa FM, com alcance em 52 cidades da região, e ainda é monitor do Telecentro Paranavegar (posto público com computadores ligados à internet) que existe dentro do assentamento.
"Depois que os computadores chegaram, a nossa vida mudou. As crianças podem jogar os joguinhos mas também fazer as pesquisas da escola", comemora.