Marina Domingos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A comissão que foi criada pelo Ministério da Educação (MEC) para elaborar o projeto pedagógico e de desenvolvimento da Universidade Federal do ABC pretende ouvir representantes de indústrias e empresas locais, além dos próprios moradores da região, para definir quais áreas e cursos serão oferecidos para os alunos da nova universidade.
"A intenção é que seja atendida a vocação da região do ABC, que além da vocação industrial tem uma vocação de prestação de serviços muito grande", disse a assessora do Departamento de Desenvolvimento do Ensino Superior, da Secretaria de Educação Superior do MEC, Mônica Jamal.
A criação da universidade depende da aprovação de um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, mas para agilizar o trabalho de implantação do campus e a definição de quantos e quais cursos serão oferecidos, um grupo com técnicos e professores foi criado pelo MEC. Os professores Luiz Bevilacqua, Aparecida Paiva, Maria Teresa Leme Fleury, Marco Antônio Raupp e José Fernandes de Lima, agora têm um prazo de 90 dias para desenvolver o projeto de planejamento da universidade. "Todo detalhamento, administrativo, técnico e pedagógico vai ser dado por essa comissão", explicou ela.
A comissão é responsável, ainda, pela elaboração de um cronograma de implantação da instituição, que já possui recursos previstos no orçamento da educação. No primeiro ano serão gastos R$ 30 milhões e, a cada ano, será acrescentado mais R$ 30 milhões, chegando ao total de R$ 150 milhões em cinco anos de funcionamento. "O valor que deve ser mantido ao longo dos anos, para manter a universidade em funcionamento", afirmou Mônica.
A Universidade do ABC foi uma sugestão feita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC que reúne sete cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires, Mauá, Diadema e Rio Grande da Serra. Juntas, as cidades possuem dois milhões de habitantes e o objetivo será criar 20 mil vagas em cinco anos de implantação da universidade federal.
Mônica revelou que a previsão é contratar 600 professores para compor o quadro da universidade, além de 300 técnicos de nível intermediário e mais 156 técnicos de nível superior. Ela explicou que deverá ser aberto um edital para contratação dos professores e dos técnicos para começar os trabalhos já no início do ano que vem. "A previsão é de um quadro bastante grande para atender a demanda, que vai ser muito grande", lembrou ela.
De acordo com a assessora, inicialmente poderão ser criados cursos de implantação mais rápida, voltados para formação e capacitação de professores do ensino médio, principalmente, nas disciplinas de matemática, física e química. Além disso, também está sendo estudada a possibilidade de existirem cursos semi-presenciais. "Para acelerar o aprendizado e a formatura do pessoal, já que tem muita carência na região", argumentou ela.
A assessora ressaltou, ainda, que uma das preocupações do grupo é com a localização da dos prédios que servirão como sede e campus da universidade. Segundo ela, não existe ainda a definição de se o ME irá alugar um espaço ou as próprias prefeituras envolvidas na criação da universidade possam doar algum terreno ou algum prédio. "Não tem terreno, não tem a sede. Uma série de acertos que estão sendo feitos, mas muitas coisas também dependem da aprovação da lei no Congresso", destacou.