Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio - As investigações sobre as irregularidades no Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, provocaram ameaças contra o diretor do Instituto, Sérgio Côrtes e integrantes do Ministério da Saúde. Desde abril de 2003 foram registradas várias ocorrências. Invasão ao gabinete do diretor, fios do computador cortados e cartas com ameaças. Mês passado a casa do consultor jurídico do ministério, Adilson Bastista Bezerra, foi invadida. "O Ministério da Saúde não vai interromper nenhuma investigação por ameaça. "O serviço público tem de aprender que não vamos tolerar corrupção", disse.
Sérgio Côrtes, após assumir a diretoria do Into, em setembro de 2002, para começar, pediu a revisão de 50 contratos com empresas prestadoras de serviços. Pelos cálculos dos técnicos do ministério, depois que houve modificação nos contratos, o hospital passou a economizar cerca de R$ 3 milhões por ano. Foi ainda aberto um processo administrativo disciplinar, presidido pelo auditor do Ministério da Saúde, Carlos Alberto de Oliveira, que resultou na demissão de oito servidores e a suspensão por 90 dias de outro.
O diretor do Into não acredita que os servidores punidos estejam relacionados às ameaças recebidas. "São funcionários que trabalharam aqui há muito tempo e fazem parte de um esquema que usava o Into como cortina de fumaça para tentar esconder a possível corrupção na Saúde", disse. "Eles tentaram focalizar no Into e me ameaçaram para que todas as investigações ficassem exclusivamente no hospital", disse. "Mas o Ministro da Saúde e o ministério identificaram o problema e iniciativas para apurar irregularidades em outras unidades do ministério já foram tomadas", afirmou Sérgio Côrtes.
O Ministério da Saúde abriu nova investigação para apurar os processos em 32 obras realizadas com recursos do Into. Um dos casos é o do Hospital Estadual Anchieta, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. Na unidade foi feita uma auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) e ficou caracterizado que as obras feitas no hospital não permitem que ele seja usado. O diretor informou que existe uma rede de esgoto que passa dentro do centro cirúrgico. "Ele está impraticável para internar pacientes", esclareceu.
No hospital funcionaria um centro de trauma e um centro de pacientes com infecção óssea, teria capacidade para 88 leitos e produção cirúrgica anual de cerca de 3 mil cirurgias. As demais obras foram realizadas no próprio prédio do Instituto e em imóveis alugados pela unidade.