Recife, 6/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - Em Belo Horizonte, 12% das mulheres iniciam a vida sexual aos 15 anos, tendo como parceiros, na maioria dos casos, namorados, noivos, companheiros e maridos. Esta também é a situação de 19% das mulheres em Recife. Mais da metade das mineiras usa pílula ou camisinha na primeira relação sexual, ao contrário das pernambucanas.
Os dados constam de um estudo sobre a saúde reprodutiva de mulheres de 15 a 59 anos, realizado por professores do Programa de Ensino e Pesquisa em Saúde Reprodutiva, sexualidade e raça, nas capitais de Pernambuco e de Minas Gerais.
As conclusões do trabalho, editadas em uma cartilha e divulgadas nesta quarta-feira, durante seminário na sede da Fundação Joaquim Nabuco, vão servir de base para a elaboração de políticas públicas do setor. O material será distribuído gratuitamente para bibliotecas e secretarias estaduais e municipais de governo.
De acordo com a professora do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Paula Miranda Ribeiro, uma das coordenadoras da pesquisa, o levantamento contribuirá para que os gestores direcionem ações destinadas a conscientizar os jovens, por meio de educação sexual nas escolas. Para ela, é necessário que o foco das ações seja a população de menor renda e escolaridade, de modo a melhorar sua qualidade de vida.
Paula Ribeiro explicou que no que se refere ao exame para detectar a presença do vírus HIV, indispensável no período-natal, 10% das mulheres que tiveram filhos nos últimos cinco anos, entrevistas em Recife afirmaram não ter feito, enquanto que em Belo Horizonte a incidência é de apenas 2%. "A ausência do exame para prevenir o contágio é preocupante", frisou.
O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o grande número de mulheres que recorrem à laqueadura (ligação de trompas) como método contraceptivo. Ficou comprovado que 45% das pernambucanas fizeram esterilização cirúrgica em hospitais do SUS, enquanto 30% das mineiras se submeteram a laqueaduras. Em Belo Horizonte, 5% das mulheres conseguem a cirurgia com a ajuda de médicos ou de políticos, enquanto em Recife, esse número chega a 18%.
Foram ouvidas 2.408 mulheres, das quais 1.302 em Belo Horizonte e 1.106 em Recife, de abril a setembro de 2002. A pesquisa, financiada pela Fundação Ford, custou R$ 200 mil.