Graziela Sant’Anna
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O número de mulheres que participam da vida política do país ainda é pequeno. Dos 513 deputados do Congresso Nacional apenas 44 são mulheres. No Senado elas representam pouco mais de 10%, ocupam apenas 9 das 81 cadeiras. Apesar da existência de cotas em caso de eleições proporcionais, que obrigam os partidos a destinarem o mínimo de 30% de suas vagas às mulheres, esse número não é preenchido.
Segundo a socióloga Almira Rodrigues, da organização-não governamental Centro Feminista de Estudos Assessoria (Cfemea), em entrevista concedida à Rádio Nacional AM, os partidos alegam que as vagas estão disponíveis, as mulheres é que não se apresentam. Para o Cfemea, que defende uma legislação igualitária entre homens e mulheres, o que existe é uma concorrência muito desigual, as mulheres não têm o apoio do partido, contam com menos recursos financeiros, menos influência e tempo.
A história política é predominantemente marcada pela participação masculina. Poucas foram as mulheres que conseguiram romper com o contexto social e cultural repressor e discriminatório que impediu durante séculos a participação feminina além do âmbito doméstico. As mulheres conquistaram o direito de voto em 1932, mais de 70 anos depois de adquirir cidadania política, o desafio enfrentado é a representação feminina na Câmara, no Senado, na Assembléia e na Presidência da República.
Hoje, a quantidade de mulheres que disputam as eleições aumentou, mas ainda é considerado muito pequeno. Em 2000 elas constituíam 19% dos candidatos às câmaras de vereadores. Nesta eleição, segundo o Cfemea, são 22%. Isso significa um acréscimo de 3 pontos percentuais. Já nas candidaturas à prefeitura o percentual passou de 7.5 para 9.5. De acordo com Almira Rodrigues "é um aumento pequeno, mas temos que comemorar".
Para a participação das mulheres na vida política do país continuar a crescer, há projetos como o que está na Câmara dos Deputados pelo qual no mínimo 30% do Fundo Partidário e 30% do tempo de propaganda eleitoral deveriam ser para promover a participação política das mulheres.
A socióloga destaca a existência da Secretaria da Mulher no governo federal, pois, "tão importante quanto termos mais mulheres no cenário político é termos também a defesa de determinados projetos e idéias que possam estar sintonizados com a luta dos movimentos das mulheres".