Gabriela Guerreiro
Enviada especial a São Paulo
São Paulo - Mais de sete milhões de pessoas foram hoje às urnas em São Paulo, o maior colégio eleitoral brasileiro. A maioria dos paulistanos preferiu votar no início da manhã para evitar os congestionamentos provocados por eleitores que moram longe de suas seções eleitorais. Em Itaquera, periferia de São Paulo, longas filas se formaram antes das 8h, quando as votações foram iniciadas.
O agente escolar Cícero Juvenal da Silva Filho chegou quase uma hora antes da abertura dos portões à Escola Professora Emília de Paiva, na Zona Leste. "Gosto de votar cedo e ficar assistindo à movimentação em casa pela televisão. Demorou um pouco porque a urna quebrou na hora de começar, e a gente teve que esperar. Mas é importante que todo mundo vote", afirma.
Um pouco mais adiante, no bairro de Guaianases, o rio que corta a cidade se tornou uma fonte de esgoto a céu aberto, que disputa espaço com os eleitores do bairro. Para os moradores da região, o voto se tornou a esperança de melhores condições de vida em curto prazo. "O voto pode melhorar a vida da comunidade. Esse rio, quando chove, enche. Eu tenho medo de alagar a escola. Até agora os políticos não fizeram, mas eu espero que de agora para frente façam", diz a auxiliar de limpeza Rosângela Ferreira de Moura.
A vendedora ambulante Carmem Maria da Silva Costa, também moradora de Guaianases, diz que a principal queixa da comunidade atualmente é a deficiência do transporte público. "A gente trabalha a semana toda, no fim de semana precisa sair e não pode. Se sai, volta muito tarde porque não tem condução. É bom pensar bem e votar em gente que merece", ressaltou.
Do outro lado da cidade, as votações no bairro de Higienópolis – um dos mais nobres da capital paulista – transcorreram de forma tranqüila. As sessões eleitorais ficaram cheias ao longo do dia, com pessoas dispostas a escolherem candidatos que possam reverter as desigualdades que dividem a capital paulista. "Eu acho o voto fundamental. Se a gente não opinar no que acha importante para a nossa cidade, não pode reclamar depois", ressalta o economista Flavio Nuzbaum.
Aos 85 anos, a aposentada Nibia da Paz Moreira fez questão de justificar o voto em Higienópolis. Moradora do Rio de Janeiro, ela disse que o voto é um direito do qual não abre mão, mesmo com a permissão da lei para não mais votar. "Ainda me sinto cidadã brasileira. Nós devemos participar sempre, enquanto estivermos conscientes do que estamos fazendo", enfatiza.