Especial 2: Maior colégio eleitoral do país vai às urnas entre ruas sujas e a Lei Seca

03/10/2004 - 17h46

Gabriela Guerreiro
Enviada especial a São Paulo

São Paulo - Os cabos eleitorais ocuparam hoje as principais ruas e bairros de São Paulo na tentativa de convencer eleitores indecisos. Na Avenida Paulista, no coração da capital, militantes dividiram as calçadas de forma pacífica, mas disputavam a atenção dos eleitores com santinhos, bandeiras e cartazes. No final do dia, muita sujeira ficou acumulada em todas as ruas da cidade, como resultado de meses de intensa campanha eleitoral.

Os 14 candidatos à Prefeitura e os 1.215 que disputam vagas na Câmara Municipal não estabeleceram regras legais este ano para evitar a poluição da cidade durante as eleições. A poluição visual incomoda a maioria dos paulistanos, que condena a prática, comum a quase todos os candidatos.

O médico Luiz Silveira Melo, freqüentador do Mercado Municipal de São Paulo, disse que os paulistanos devem obedecer às regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condenam a propaganda suja. "Quem não respeita o eleitor não tem direito de receber voto. O eleitor deve escolher aquele candidato que primeiro entra em contato com o cidadão, que o respeita", ressaltou.

Para o administrador Marcelo Camargo, morador de Santos (SP), a sujeira em São Paulo na época das eleições contribui para que a cidade fique ainda mais poluída. "Eles (os candidatos) não têm vergonha. Falta um senso político. Fazer política não significa sujar. Pelo contrário, é educar. Talvez eles entendam por aí que é o melhor caminho, mas eu não concordo", ressaltou.

Já o vendedor Sílvio de Oliveira, que há doze anos trabalha no Mercado Municipal de São Paulo, vê um lado positivo na propaganda eleitoral feita nas ruas da cidade. "É muita sujeira essa época, mas tem que ter um pouco de paciência. Para nós, o resultado das eleições vai ser bom", ressaltou.

Seca

Ao contrário de anos anteriores, a Lei Seca vigorou hoje apenas no horário da votação, das 8h às 17h. A tradicional proibição da venda de bebidas alcoólicas durante as eleições recebeu críticas de muitos paulistanos. O estudante Rafael Rogeiro, que aproveitou o sábado para tomar cerveja em companhia de amigos na Avenida Paulista, condena a Lei Seca. "Eu não sei se é uma medida válida, porque eu não sei até que ponto o voto é consciente. Para mim, não faz a menor diferença", ressaltou.

Em um bar ao lado, tomando apenas refrigerantes, o administrador Marcelo Gonçalves disse que a proibição da venda de bebidas alcoólicas durante a votação é essencial para garantir tranqüilidade ao pleito. "Voto é uma coisa muito séria, e deve ser feito com a maior lucidez possível. Então eu acho justo que a pessoa não beba no dia da eleição", defendeu.