Maioria das crianças trabalhadoras no Brasil têm mais de 10 anos

30/09/2004 - 17h44

Lilian Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O trabalho infantil registrou queda no País. Uma média de 1% entre 2002 e 2003. Este é o dado da Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad) divulgada nesta quarta-feira. Mas, o número continua grande. Estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 16 anos trabalham no Brasil.

No entanto, o perfil dos pequenos trabalhadores mudou. Dados da OIT e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que crianças que procuram emprego são as mais velhas. Possuem entre 10 e 17 anos. Além disso, moram nas áreas urbanas do Sudeste. Os estudo também revela que a maior parte não encontra emprego. Isso porque poucas empresas no Brasil continuam contratando menores.

As regiões Nordeste e Sul permanecem empregando crianças. No entanto, a maior parte delas trabalha em agriculturas familiares. "Regiões com pequenas áreas agricolas têm menos trabalho infantil", sintetiza Walker Roberto Moura, chefe da Unidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do DF.

Dados do Unicef indicam que duas em cada dez crianças trabalhadoras não freqüentam a escola. Segundo a organização, a taxa de analfabetismo entre essas crianças atinge 20,1%, contra 7,6% no caso das crianças que não trabalham. Entre os adolescentes a porcentagem permanece alta. Somente um quarto dos jovens que trabalham, com idade entre 15 e 17 anos, conseguem concluir os oito anos de escolaridade básica. Entre os que não trabalham, o valor é de 44,2%.