Ex-ministro do TSE prevê eleição segura e transparente no domingo

30/09/2004 - 6h16

Andréia Araujo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Fernando Neves, disse que as eleições municipais do próximo domingo (3) serão mais transparentes e seguras. O diretor-presidente da organização não-governamental (ONG) Transparência Brasil, Cláudio Weber, concordou que houve melhoras, mas que "ainda há muito a caminhar" para que o processo tenha transparência. Segundo ele, "na prestação de contas, por exemplo, há uma série de aberturas que dão margem a esconder divisas". Weber afirmou que esse problema pode ser solucionado com o financiamento público. Eles participaram, ontem à noite, do programa Diálogo Brasil, exibido em rede pública de televisão, com geração pela TV Nacional Brasília.

Já o coordenador do Laboratório de Pesquisas em Comunicação Política e Opinião Pública do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcus Figueiredo, acha que o financiamento público não é a solução. Para ele, a exigência de financiamento público não vai impedir dinheiro privado nas campanhas. Figueiredo sugeriu maior controle do dinheiro usado nas campanhas.

Fernando Neves defendeu a divulgação da prestação de contas dos candidatos a cargos eletivos antes das eleições. "Não vou dizer que os candidatos vão agir de acordo com o que pensam os colaboradores, mas acho importante sabermos quem está colaborando", disse. De acordo com o diretor da ONG Transparência Brasil, os candidatos defenderão os interesses dos colaboradores, por isso é muito importante saber de onde virá o dinheiro para as campanhas.

Para reforçar a importância da prestação de contas, o professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, lembrou que aumentaram muito as denúncias de desvio de dinheiro. Segundo Fleischer, somente no ano de 2000, em mais de dois mil municípios, houve desvio de dinheiro do Fundo de Desenvolvimento da Educação Fundamental (Fundef) para o financimento de campanhas.

Marcus Figueiredo explicou que as eleições de governador e presidente são separadas das de prefeitos e vereadores para não prejudicar o debate. Segundo Figueiredo, em 1982 houve uma eleição conjunta, mas o debate da escolha presidencial prevaleceu entre os candidatos.

O professor da UNB informou que o senador Paulo Octávio (PFL/DF) tem um projeto de lei que propõe eleições unificadas, mas que ele ainda está em tramitação no Senado.