Fabricantes brasileiros de calçados querem ampliar exportações para a Rússia

28/09/2004 - 14h51

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Moscou (Rússia) - O faturamento anual da indústria brasileira de calçados é de US$ 10 bilhões. O setor produz 700 milhões de pares por ano, dos quais 180 milhões são exportados, mas a Associação Brasileira de Indústria de Calçados (Abicalçados) considera tímidas as vendas para o exterior. Há três anos, a associação desenvolve uma política de ampliação das vendas externas e diversificação de mercados.

De acordo com o diretor executivo da Abicalçados, Heitor Klein, os Estados Unidos ainda são o principal mercado, com 65% dos embarques. Em seguida, vêm Reino Unido, Argentina e México. Na mira dos empresários está o leste europeu, começando pela Rússia, que já importa o correspondente a cerca de US$ 6 milhões por ano.

"É claro que é um número muito tímido ainda, mas o importante é que saímos de US$ 2 milhões para US$ 6 milhões. Com os eventos que estamos realizando, esperamos, em dois ou três anos, alcançar os US$ 20 milhões", diz Klein, que participa da Moda Brasil-Rússia, a feira de negócios que apresenta ao mercado local, os produtos brasileiros da área de moda.

"As empresas têm tido sucesso na apresentação das suas coleções", diz. Segundo ele, o consumidor russo privilegia o lado fashion dos sapatos, o que é vantajoso para o Brasil. "O design arrojado tem aqui o ponto forte para alavancar as suas vendas, com uma influencia forte do estilo italiano, o que nos deixa em boas condições, pois o calçado brasileiro já é desenvolvido desse jeito", explica.

Outra vantagem apontada por Klein é a competitividade dos preços. "A oferta brasileira é bastante diversificada, com preços que variam desde US$ 30 a US$ 5 - ou seja, acessíveis a todos os segmentos - e em todos eles somos bem aceitos", diz o empresário. O problema, segundo ele, ainda é a logística (condições que permitem o bom desempenho da atividade), uma vez que as distâncias geográficas e culturais prejudicam as vendas diretas ao varejista.

"Somente depois do evento poderemos avaliar qual e a receptividade do sistema de distribuição local. Não temos como trabalhar diretamente com o varejista. A figura do distribuidor local, no caso da Rússia, é primordial para nós".

De acordo estudos da Abicalçados, a logística para vendas diretamente ao varejista teria uma participação aproximada de 40% do custo total da exportação. A Moda Brasil-Rússia, organizada pela Agência de Promoção das Exportações, teve início na última sexta-feira e termina hoje, no Pavilhão T-Modul, espaço destinado a eventos de moda.