Christiane Peres
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Projeto do Grupo de Apoio aos Transgêneros Associados do Recife (Gatass) trouxe para o 1º Seminário Nacional HumanizaSUS, promovido pelo Ministério da Saúde, em Brasília, o conceito de humanização e atenção à saúde dos travestis.
Idealizado pelo enfermeiro Alcyr de Souza, o Gatass é um trabalho de resgate à cidadania e de conscientização do direito ao serviço básico de saúde para os travestis. Segundo Alcyr, o projeto segue as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e "se encaixa perfeitamente na idéia do HumanizaSUS".
A idéia surgiu a partir do Programa de Saúde Familiar (PSF). "Estávamos fazendo o cadastramento de famílias e nos deparamos com uma realidade de 45 travestis nessa área do PSF. A partir disso, montamos esse grupo para trabalhar a melhoria do atendimento médico", explicou.
De acordo com o enfermeiro, a discriminação e a violência sofrida por esse grupo são os principais motivos que o levou a articular a criação do Gatass. O projeto trabalha tanto com o atendimento à saúde dessas pessoas como também com a auto-estima e com o tratamento da sociedade perante essa minoria discriminada.
Alcyr aponta como um dos maiores obstáculos a dificuldade de conscientização dos médicos. "O médico não tem preparação para atendê-las. Isso bate com a realidade cultural de cada um", disse.
A proposta do HumanizaSUS, segundo a coordenadora do projeto, Regina Benevides, é o despertar da relação com o outro. "O HumanizaSUS está despertando as pessoas para a qualificação da atenção à saúde".
O Gatass reforçou essa idéia e mostrou como trabalhar as diferenças dessas minorias e transformar o que antes era preconceito em respeito. "Hoje a comunidade responde positivamente ao convívio com as travestis. Existe um convívio harmonioso entre a comunidade e esses travestis", afirmou.
Segundo Alcyr, a diferença do Gatass para os demais projetos apresentados durante o Seminário é que ele trata diretamente a questão da humanização, do respeito ao próximo e do atendimento digno à sociedade. "O projeto veio para bater lá no fundo do ser humano. E mostrar que todos têm direitos e eles têm que ser respeitados", concluiu.