Conselho Regional de Medicina denuncia falta de condições dos hospitais públicos de Pernambuco

22/09/2004 - 15h19

Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife – Cerca de sete milhões de pessoas que dependem de assistência médica do Sistema Único de Saúde (SUS), nos quatro principais hospitais públicos de Pernambuco, estão enfrentando, além das longas filas no atendimento, falta de profissionais especializados, escassez de leitos e de medicamentos básicos e deficiência de equipamentos.

A denúncia foi feita nesta quarta-feira pelo presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Ricardo Paiva, ao apresentar à imprensa um relatório com o diagnóstico da situação dos hospitais: Restauração, Otávio de Freitas, Agamenon Magalhães e Getúlio Vargas.

Segundo Paiva, o Cremepe solicitou ao Ministério Público que faça a mediação entre o governo estadual e os hospitais da rede privada. A idéia é que os hospitais particulares atendam os pacientes com risco de vida, que deixam de ser recebidos nas unidades públicas de urgência por falta de leitos. "Nós estamos vivendo uma situação de caos nas emergências públicas como nunca", frisou.

Situação grave

O presidente do Sindicato dos Médicos, André Longo, destaca que o quadro da saúde em Pernambuco, que já era crônico, tornou-se agudo e exige intervenções urgentes. Para ele, o problema se agravou com a migração de 500 mil usuários do sistema de saúde suplementar para o SUS nos últimos cinco anos, além do crescimento populacional e do envelhecimento da população, que exige cada vez mais atendimento médico.

André Longo ressalta que problemas, como a superlotação das emergências de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) e a falta de recursos para oferecer um tratamento humanizado, tem provocado pedidos de demissão, além dos casos de depressão e estresse na classe médica. Do início da semana até agora, cinco chefes de plantão do Hospital da Restauração entregaram os cargos, por exemplo.

No hospital Otávio de Freitas, que atende cerca de 40% da população da capital, além de médicos, falta equipamentos e materiais hospitalares como: monitores cardíacos, tensiomêtros, desfibriladores, ambús, estetoscópios, gases, esparadrapos e medicamentos essenciais. No hospital Agamenon Magalhães, 17 pacientes estão à espera de cirurgia cardíaca. Além disso, doentes enfartados, que precisam de repouso e monitoramento, são mantidos em cadeiras por falta de leitos. A situação também é crítica no Hospital Getúlio Vargas por causa do número insuficiente de médicos.

O secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho, reconhece as dificuldades enfrentas pelos hospitais públicos e sinaliza com a possibilidade de realizar concursos públicos para preencher as vagas de médicos até dezembro próximo.