Parceria entre Desenvolvimento Agrário e BC permite a criação de 150 cooperativas de crédito

21/09/2004 - 15h04

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No lançamento hoje do Programa de Fomento ao Cooperativismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Coopersol), no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o ministro Miguel Rossetto destacou a parceria com o Banco Central (BC) para dinamizar a criação de pelo menos 150 cooperativas de crédito ainda este ano.

O BC já registrou o recebimento de 270 pedidos. Este ano o MDA investirá R$ 12 milhões na capacitação de dirigentes e técnicos, construção de sedes, aquisição de equipamentos e curso de formação em cooperativismo. Os recursos podem chegar a R$ 22 milhões em 2007.

Na opinião de Rossetto, o acordo operacional firmado com o BC permite o acesso mais democratizado a esse conjunto de direitos, reduz o custo e desburocratiza o processo, sem perder o rigor necessário na análise das instituições públicas. "Esse acordo cria uma expectativa muito grande de agilização de todos os procedimentos de todas as cooperativas de crédito", ressaltou.

Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, o crescimento com distribuição de renda está em construção no país e isso não se faz com medidas de efeito, mas com trabalho determinado e persistente. "Em primeiro lugar são necessárias as condições macroeconômicas básicas que permitam o crescimento e também, em seguida, distribuição da renda".

Meirelles disse que é importante o crescimento sustentável, visando a criação dos empregos e também o aumento da demanda, exportações em expansão, dentro da mesma linha, inflação sob controle e estabilidade macroeconômica. "A partir daí, os programas específicos podem prosperar", afirmou o presidente do BC, salientando que "a instabilidade econômica atinge primeiro e mais fortemente o segmento de baixa renda e, portanto, de maior vulnerabilidade".

Ele afirmou também que, dessa maneira, é muito importante que a estabilidade econômica, juntamente com o crescimento sustentável interno e externo, tenham as condições fundamentais para que os programas de distribuição de renda e de aumento da produção possam prosperar com solidez".

O presiddnte do BC explicou que a distribuição de renda passa pela "pulverização do crédito", desde o crédito de consumo para o segmentos de menor renda como, por exemplo, o crédito dentro do programa de microfinanças "já em andamento", a consignação de folhas de pagamento também, até programas específicos de financiamento da produção como são os diversos programas do microcrédito. "Neste ponto, as cooperativas de crédito são fundamentais".

Na sua visão, as cooperativas estão inseridas na sociedade, conhecem o seu sócio e o seu cliente, fazem uma alocação de recursos muito mais adequada, específica e, portanto, "é muito importante que se expanda o cooperativismo no Brasil como meio de aumento do crédito, mas, mais importante que isso, um aumento do crédito que, de fato, vai ser eficaz na alavancagem da produção, do crescimento e, principalmente, na elevação do padrão de vida da população".

Meirelles destacou que esse crédito deve ser um crédito específico, que não sofra retorno, mas que seja viável do ponto de vista de ser adequado àquele usuário específico. "Nesse aspecto, o Coopersol é da maior importância". Para ele, "não há dúvida que esse programa tem aspectos fundamentais de sucesso de qualquer programa de cooperativismo em qualquer lugar do mundo".