Bancos aumentam juros e spread nas operações de crédito, destaca relatório do BC

21/09/2004 - 12h02

Bancos aumentam juros e spread nas operações de crédito

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O custo médio das operações de crédito bancário no mês de agosto manteve-se nos mesmos 43,9% registrados em julho, uma vez que o aumento de 1,1 ponto percentual nos juros para pessoa física foi compensado pela queda de 0,9 ponto percentual dos encargos cobrados das empresas. Trata-se do primeiro aumento de juros para pessoa física desde março do ano passado, e houve crescimento também do spread - diferença entre captação e aplicação - de 27,2% para 27,5%, na comparação julho-agosto.

Isso é o que mostra relatório mensal do Banco Central sobre "Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro", divulgado pelo chefe do Departamento Econômico do banco, Altamir Lopes. Ele disse que o volume de crédito no mercado registra crescimento continuado, com taxas em ligeira elevação. Afirmou que os juros "não devem apresentar variações significativas, mesmo com a alta da Selic, por causa da migração entre modalidades de crédito".

Os juros cobrados nos empréstimos pessoais subiram de 62% para 63,1%, em média, no mês passado, nas operações com recursos livres. O cheque especial evoluiu de 140,1% para 140,6%; o crédito pessoal ficou 2,1 pontos percentuais mais caro, subindo de 71,7% para 73,8%; a aquisição de veículos, que pagava juros de 36,1% em julho passou a pagar 36,3%; e a compra de outros bens teve a média alterada de 58,5% para 58,8%.

As taxas sobre recursos livres para pessoas jurídicas caíram de 29,7% para 28,8% na média, principalmente por força da redução de 66,3% para 65,4% na conta garantida, em relação ao mês anterior. Em contrapartida, as operações ficaram mais caras para desconto de duplicatas (de 40,1% para 40,2%), desconto de promissórias (47,5% - 48,7%), operações para capital de giro (34,8% - 35,6%) e aquisição de bens (28% - 28,4%).

A explicação do Departamento Econômico do BC quanto à redução do custo do dinheiro para pessoas jurídicas está na queda das taxas projetadas referenciadas em moeda estrangeira, que tiveram redução de 2,9 pontos percentuais nos contratos de antecipação de crédito para exportação (os contratos ACC). A queda é ocasionada, principalmente, pela diminuição da cotação do dólar nos últimos dias de agosto.

A inadimplência da carteira de crédito permaneceu inalterada em agosto, situando-se em 7,2%, de acordo com Altamir Lopes, que considera o índice "relativamente baixo". Os atrasos relativos a pessoas físicas mantiveram a trajetória de queda iniciada no segundo trimestre de 2003, e estão em 12,8%, contra 12,9% em julho. No caso das operações com empresas aumentou de 3,4% para 3,5%.