Amorim reafirma que não existem tensões comerciais entre o Brasil e a Argentina

20/09/2004 - 18h56

Brasília, 20/9/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje, em Nova Iorque, que não existem "tensões" comerciais entre o Brasil e a Argentina. Amorim participou de audiência, na manhã de hoje, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente argentino, Nestor Kirchner.

Segundo Celso Amorim, os dois países podem se desentender em alguns setores - como ocorreu no caso dos eletrodomésticos - mas a relação comercial entre Brasil e Argentina é fundamental para o Mercosul. "Eu não vejo grandes tensões entre os dois países. Numa relação íntima como é do Brasil e da Argentina, de vez em quando um pode se sentir atingido, ou porque o seu mercado está sendo tomado pelo outro, ou porque você se considera no direito de tomar aquele mercado porque também está de acordo com as regras e não aceita que o outro país adote medidas excepcionais", disse.

O chanceler brasileiro ressaltou a importância da recente visita do ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, ao Brasil. Amorim disse que o presidente Lula pediu a Kirchner que os ministros da Economia do Brasil e da Argentina criem uma rotina de se falarem constantemente como forma de evitar impasses criados no campo comercial que enfraquecem politicamente o Mercosul. "De tal maneira que a gente não fique brigando por ter uma geladeira um pouquinho mais competitiva no Brasil, um pouquinho menos competitiva na Argentina, e passarmos a ter uma geladeira do Mercosul mais competitiva no mundo. Esse é o espírito", revelou Amorim.

Lula e Kirchner também conversaram sobre os esforços da Petrobras para a construção de um gasoduto do sul da Argentina. Segundo o ministro Celso Amorim, o próprio presidente argentino reconheceu que as negociações avançaram para que a Argentina possa ajudar na construção do gasoduto. "Queremos pensar os problemas do Mercosul não com menos Mercosul, mas com mais Mercosul’, afirmou Amorim.

Os dois presidentes dedicaram parte do encontro, que durou cerca de uma hora, para discutir o acordo Mercosul-União Européia. Amorim disse que os países do bloco econômico do Cone Sul vão continuar a trabalhar "naturalmente" em busca do acordo – que segundo Amorim é de grande interesse para o Mercosul.