Greve de bancários tem adesão expressiva em Brasília

17/09/2004 - 19h18

Caio d'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A greve dos bancários em Brasília teve 90% de adesão dos bancos públicos e mais de 50% dos privados, conforme números divulgados no início desta noite pelo Sindicato dos Bancários do Distrito Federal. Pela rede pública apenas as agências do BRB (Banco de Brasília) funcionaram. Já na rede privada a adesão à greve variou entre as regiões da cidade, mesmo assim apenas 30% dos bancos abriram as portas para o público. No centro apenas algumas agências do Bradesco e do Big Banco funcionaram durante parte do expediente. Já o auto-atendimento não sofreu interrupções.

No centro de Brasília, a desinformação entre os usuários era grande, principalmente quanto à paralisação da rede privada. A comerciante Sílvia Luciano foi surpreendida ao constatar que o Banco de Boston estava fechado. "Eu como sou comerciante tenho que trabalhar para ganhar. Acho que eles poderiam reivindicar [reposição salarial] de outra maneira", disse. Já o funcionário público Marcos Geraldo foi realizar pagamentos com vencimento hoje, só possíveis de serem feitos na boca do caixa. "Fazer o que, tem que pagar multa depois, né?", questionou.

Em nota a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) explica que realmente não existem medidas para anistiar multas, e recomenda que os usuários paguem as contas em dia. "Os bancos informam que vão lançar mão de todas as medidas legais e judiciais necessárias para manter as agências abertas", conclui a nota.

O Bradesco foi um dos bancos que lançou mão de instrumentos jurídicos para garantir o funcionamento das agências. De acordo com informações confirmadas pela Fenaban, o banco entrou com uma ação de interdito proibitório contra o Sindicato dos Bancários e o comando de greve de servidores públicos. A medida visa impedir a ocupação das agências e a imposição de obstáculos ao seu funcionamento. Mas a Fenaban alegou que não foi o interdito proibitório que motivou o funcionamento das agências do Bradesco. Segundo a federação todas as agências que não tiveram adesão dos trabalhadores à greve funcionaram normalmente.

O Sindicato dos Bancários, por sua vez, alega que a medida judicial funciona como uma "forma de pressão" do banco contra a adesão dos funcionários à greve. Para o sindicato os funcionários das instituições privadas recebem ameaça de demissão, e sem o apoio na porta do banco os funcionários ficam sem respaldo.