Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Leia a seguir o terceiro e último trecho da entrevista exclusiva à Agência Brasil de José Tubino, representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (ONU-FAO) no Brasil.
Agência Brasil – A FAO tem acompanhado a discussão sobre os transgênicos no Brasil?
José Tubino – Tem sim. Basicamente, apoiamos o fortalecimento dos marcos legais de biossegurança. A biotecnologia é muito ampla, com muitas técnicas aplicáveis. A análise da questão, no entanto, não pode se restringir aos aspectos financeiros. Precisamos pensar nos direitos geracionais. Se a nossa geração toma uma decisão de curto prazo, nossos filhos e netos vão pagar por isso.
Agência Brasil – Os transgênicos não podem ser uma alternativa para aumentar a produção de alimentos livres de agrotóxicos?
José Tubino – De fato, a agricultura de hoje não é uma panacéia. Se os transgênicos diminuíssem o uso de agrotóxicos, seria realmente bom. A discussão feita hoje com os transgênicos é semelhante à feita na década de 70, sobre os aditivos. O que não podemos é diminuir o consumo de praguicidas e aumentar o uso de herbicidas (substância utilizada em algumas plantações de organismos geneticamente modificados).
Agência Brasil – A FAO tem uma posição oficial sobre os transgênicos?
José Tubino – A posição da FAO é muito simples: cautela. Não se pode exagerar, ser negligente. Cada país deve avaliar a essa questão e criar comitês neutros para verificar o andamento do processo, decidindo com base em informações e conhecimento. Reconheço que a neutralidade é difícil. O grande desafio do trabalho da ONU é justamente esse.