Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Leia a seguir mais um trecho da entrevista exclusiva para a Agência Brasil do representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (ONU-FAO) no Brasil, José Tubino.
Agência Brasil – Quais são os principais dados estatísticos sobre a fome no mundo e no Brasil?
José Tubino – Pelos cálculos da FAO, 840 milhões de pessoas no mundo sofrem de deficiência nutricional. No Brasil, um milhão de crianças estão nessa situação. É muito preocupante. Costumo comparar uma pessoa com uma semente. Você planta uma semente e sabe que ela tem potencial de crescer e produzir. Se você coloca essa semente em um solo sem nutrientes, esquece de molhar e regar a plantar, a planta vai crescer, mas será pequena, não vai produzir e vai morrer cedo. O mesmo acontece com as pessoas.
Agência Brasil – Existe diferença entre populações com deficiência nutricional e populações famintas?
José Tubino – Existe. Como dizia o geógrafo brasileiro Josué de Castro, a subnutrição crônica é um fenômeno que tem causas sociais e políticas. Uma população faminta geralmente é vítima de desastres naturais, fica isolada pro causa de furacões ou, em alguns casos, passa fome por causa de guerras e seca. Como o Brasil não é muito afetado por desastres nacionais, o grande desafio é combate à deficiência nutricional.
Agência Brasil – E nos países desenvolvidos, quais são os desafios na área alimentar?
José Tubino - Você já assistiu àquele filme "Super Size Me – A dieta do Palhaço"? Está tudo ali. O problema nos países desenvolvidos não é de falta de alimento, mas de consumo errado. Depois que assisti a esse filme, não consigo mais olhar um copo de Coca-Cola como um copo de Coca-Cola, mas como um copo de açúcar. São produtos que devem ser consumidos com cuidado. Por isso é tão importante que as crianças aprendam a comer ainda nas escolas.
Leia também os demais trechos da entrevista.