Comissão Interministerial para os Recursos do Mar completa 30 anos

17/09/2004 - 18h38

Brasília – A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar completa 30 anos nesta sexta-feira (17). Formada por representantes de 15 Ministérios e órgãos federais, a Comissão é responsável pela coordenação da Política Nacional para os Recursos do Mar. Em janeiro de 1982, a comissão também passou a gerenciar o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

Em entrevista à Rádio Nacional AM, o secretário da Comissão Interministerial da Marinha, almirante José Eduardo de Souza, afirmou que os estudos sobre plataforma continental realizados pelo órgão tem tido reconhecimento internacional. "Eu poderia dizer que estamos terminando o mapeamento da plataforma continental da Namíbia e existem outros países, como Angola e Moçambique, que estão extremamente interessados nessa nossa tecnologia".

Rádio Nacional - Hoje é o aniversário da Secretaria de Recursos do Mar e ela está dando este presente para a população e esperamos que as Nações Unidas atenda ao nosso pleito não é, almirante?

Almirante Souza: Exatamente. Nós estamos comemorando 30 anos desta Comissão Interministerial e ela é composta por 15 Ministérios e órgãos federais. Ela não é uma comissão da Marinha, mas um projeto nacional. É uma política de governo que vem se desenvolvendo há muitos anos. Esse levantamento da plataforma continental começou em 1987 e os dados foram levantados até 1996.

Para você ter uma idéia, nós levantamentos 230 mil quilômetros de perfis geofísicos na nossa margem continental brasileira e corresponde a um trabalho enorme. Logo depois de isso ter sido realizado, nós fizemos a integração desses dados, que é um outro trabalho técnico de altíssima qualidade. Foi pegar todos esses dados e transformá-los em um papel que pudesse sustentar nosso pleito junto à Organização das Nações Unidas.

E esse trabalho tem o reconhecimento internacional porque vários outros países, principalmente os da costa africana, já vieram solicitar ao Brasil a realização desse mesmo levantamento em seus territórios. Isso porque poucos são os países no momento que detêm essa capacidade. Eu poderia dizer que estamos terminando o mapeamento da plataforma continental da Namíbia e existem outros países, como Angola e Moçambique, que estão extremamente interessados nessa nossa tecnologia. Quer dizer, além de nós descobrirmos aquilo que temos de bom e podermos explorar, nós estamos exportando tecnologia para proporcionar a outros países a mesma possibilidade de conhecer seu próprio território.

E nesses trinta anos da Comissão, que estamos comemorando hoje no Clube Naval com uma exposição sobre o Programa Antártico, sobre a Amazônia Azul e também sobre o nosso Programa do Arquipélago São Pedro e São Paulo estamos satisfeitos com o trabalho realizado. Foi um dinheiro extremamente bem empregado que vai trazer para o país um potencial de riquezas para perdurar por um período acima de século. É dar às futuras gerações a possibilidade de usufruir daquilo que a natureza nos deu. Em breve, nós vamos poder dizer que estamos com os limites da região leste definidos. O mapa do Brasil vai ter que ser mudado.

Agora, nós vamos trabalhar para mostrar às nossas crianças o verdadeiro tamanho deste país que nós ainda não tínhamos. Nós só conhecíamos a região de terra e agora estamos vendo a importância do mar para o Brasil. O mar não serve apenas para o surf e a vela, ele serve para dar uma riqueza sustentável para o país e trazer recursos para as populações ribeirinhas e ensiná-los a usar isso de uma forma que não venha a se deteriorar no futuro. Esse é o nosso trabalho.