Marcelo Gutierres e Mylena Fiori
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo – Representantes de organizações de mulheres de doze países reuniram-se hoje, em São Paulo, no Seminário SOS África. Promovido pela Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), o evento discutiu a relação do Brasil com o continente africano no que diz respeito ao combate à Aids e à fome. A proposta deverá ser apresentada nesta quinta-feira (16) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
"O Brasil está sendo ponta-de-lança nessa relação com os países ricos, chamando-os para contribuir com os países pobres", sintetizou a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que participou da abertura do seminário. A ministra lembrou que o presidente Lula coordenará, no próximo dia 20, uma reunião com mais de 55 chefes-de-Estado em Nova Iorque para tratar do combate à fome no mundo.
Matilde Ribeiro expôs as ações do governo para promover a igualdade racial no país e
citou projetos entre Brasil e África nas áreas econômica, social e política. Angola e Moçambique, por exemplo, já firmaram acordos com o governo brasileiro para produção de remédios e capacitação de profissionais no combate à Aids.
"A África é o berço de boa parte da humanidade, é uma raiz muito sofrida, vive em situação absolutamente desumana e todos nós somos um pouco responsáveis por isto", enfatizou a presidente da FDIM, a brasileira Márcia Campos, chamando a atenção para a necessidade de um comprometimento global com a ajuda ao continente africano.
Ela lembrou que o Brasil "não é o principal país, do ponto de vista financeiro, para ajudar ninguém", mas exerce um papel fundamental: "levantar o sentimento e comprometer as pessoas" em questões como a fome e o combate à Aids. "Temos um trabalho enorme de capacitação de mulheres para o enfrentamento da AIDS, por exemplo. Temos que pegar experiências ricas que nossa nação já tenha desenvolvido e ajudar. Não vamos fazer por eles. Vamos apenas estimulá-los a fazer coisas parecidas com as nossas", explicou a presidente da entidade, que atua em 160 países de todos os continentes.
A angolana Ruth Neto, vice-presidente da FDIM, acredita que as mulheres africanas, por serem mais vulneráveis, são quem mais sofre com a pobreza. "Nas zonas rurais elas fazem sua subsistência cultivando. Mas em algumas zonas isto ainda não é possível, pois os campos ficaram minados depois da guerra, de modo que há o problema da fome, da pobreza, de doenças. Um bom movimento de solidariedade pode ajudar", afirmou.
Participaram do SOS África, além de representantes de entidades brasileiras, mulheres de Angola, Senegal, Cabo Verde, Namíbia, Madagascar, Mali, Marrocos, Zimbaue, Gana, Guinea –Bissau e Estados Unidos.