Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O economista Márcio Pochmann, secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da prefeitura de São Paulo, avalia como positiva a ampliação do sistema de controle de freqüência escolar de crianças e adolescentes com famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. Para ele, será possível agora avançar no debate sobre o que realmente, em muitos casos, impede que as crianças continuem em sala de aula.
"Na década de 90 houve uma inovação ao se vincular o enfrentamento da pobreza ao cumprimento das condicionalidades", lembra Pochmann. "Com os dados da freqüência escolar, será possível ampliar o debate sobre a qualidade do ensino. Se a causa da evasão não é renda, então qual é? Desorganização familiar, ausência de transporte, falta de atrativos na escola."
Autor da tese de doutorado Políticas do Trabalho e de Garantia de Renda no Capitalismo em Mudança, defendida na Universidade de Campinas (SP), o secretário acredita que o governo chama agora a atenção para o "desbalanceamento" entre o avanço nos programas de transferência de renda e o atraso em termos tecnológicos.
"Não houve por parte dos governos brasileiros um acompanhamento das responsabilidades repassadas para municípios e estados, encarregados de verificar o cumprimento das condicionalidades", aponta o professor licenciado do Instituto de Economia, Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. "Mas, com certeza, já avançamos muito. Principalmente se compararmos a política aplicada na época da ditadura militar, quando a merenda era dada como forma de atrair a criança para a escola."