Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Integração Nacional, Ciro Gomes, apresentaram nesta quarta-feira as diretrizes básicas do Programa de Desenvolvimento Sustentável para o Semi-Árido e para a Bacia do São Francisco. O documento prevê ações estratégicas para a região, entre as quais a interligação (transposição) das bacias, a revitalização do rio, e o atendimento às necessidades das populações ribeirinhas.
"Fica claro com esse programa que o item transposição do rio São Francisco é apenas um dos pontos da estratégia do governo para o semi-árido brasileiro", ressaltou Marina Silva, logo após uma reunião com representantes do Comitê da Bacia do São Francisco. "É um esforço inédito nesse país. A coragem do presidente Lula está em não reduzir essa discussão tão complexa", disse.
De acordo com a ministra, em 2004 foram reservados cerca de R$ 17 milhões para projetos de revitalização do "Velho Chico". Para 2005, estão previstos outros R$ 100 milhões. A interligação das bacias, por sua vez, tem assegurado no orçamento do próximo ano cerca R$ 1 bilhão. Se aprovadas pelo Ibama, as obras darão início a uma rede de canais capazes de aumentar a vazão de rios no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
"Os projetos que agora recebem mais recursos muitas vezes estão mais maduros do que outros que recebem menos. Não podemos comparar o que está previsto para revitalização com o que será investido e interligação", defendeu o ministro da Integração Nacional.
"A palavra transposição deve ser abolida. É um dos grosseiros equívocos do passado, responsável por muitas populações do baixo São Francisco imaginarem que se vai tirar o rio dali para levar para acolá".
Segundo ele, em reunião recente com o presidente Lula, foi pedido o envolvimento de outros órgãos do governo nas ações no semi-árido. Entre eles, Caixa Econômica Federal e Ministério das Cidades. "O coração do programa, no meu ponto de vista, é o saneamento básico. Muitos projetos estão sendo financiados em prefeituras que nem projetos tinham", revela Ciro Gomes.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável para o Semi-árido prevê a construção um milhão de cisternas e de canais capazes de levar a água dos açudes para as comunidades. Até o momento, 15 obras foram concluídas, por meio de um investimento de R$ 127 milhões, que beneficiou uma população de 930 mil habitantes. Estão previstas e em andamento outras 25 obras.