Lula convoca reunião em NY para discutir fome e pobreza

08/09/2004 - 19h23

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Organização das Nações Unidas para discutir o combate à fome e a pobreza, marcada para o dia 20 de setembro, vai ter como foco principal o debate sobre mecanismos que possam financiar a redução das desigualdades sociais em todo o mundo. O grupo técnico criado em janeiro deste ano para discutir os mecanismos capazes de financiar ações de desenvolvimento social divulgou hoje relatório com as principais diretrizes que serão apresentadas na ONU.

O grupo, integrado por representantes do Brasil, Chile, França e Espanha, apresentou vários mecanismos que seriam capazes de reunir um volume de recursos suficiente para reverter o quadro de fome e pobreza no mundo. Entre os mecanismos sugeridos pelo grupo, estão a taxação de transações financeiras internacionais, a taxação sobre o comércio de armas, combate à evasão fiscal e paraísos fiscais, contribuições voluntárias por meio de cartões de crédito e aumento dos benefícios das remessas de imigrantes.

Na avaliação da assessora do Ministério das Relações Exteriores para temas sociais e multilaterais, ministra Maria Nazareth Farani, a intenção do presidente Lula é conseguir viabilizar recursos para o combate às desigualdades em todo o mundo sem utopia. "O grupo examinou diferentes mecanismos de financiamento. Estudos da ONU mostram que ainda há um déficit para o financiamento de ações sociais. Os recursos existem, e por que não utilizar parte dos investimentos para as causas sociais e econômicas?", ressaltou a ministra.

Maria Farani estima em US$ 17 bilhões anuais os recursos que podem ser arrecadados com a taxação de transações internacionais. O mesmo valor de US$ 17 bilhões por ano, segundo a ministra, também pode vir a ser levantado com a taxação das transações comerciais de armas. Ela esclareceu que idéia do grupo, liderada pelo presidente Lula, não é criar um Fundo Mundial de Combate à Pobreza – mas sim estabelecer mecanismos de financiamentos capazes de reunir os recursos. "É uma vontade política de mobilização", ressaltou.

A ministra também esclareceu que os mecanismos propostos pelo grupo não prevêem a criação de nenhuma nova taxa internacional para o combate à fome. "Vamos aproveitar apenas a renda das taxações que serão impostas por cada país. Mas o governo de cada país vai ser soberano na aplicação da taxa", disse.