Lessa diz que não tem posição sobre pacto de empresário e trabalhador para manter juros

08/09/2004 - 13h15

Nielmar Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse hoje que, em princípio, não tem nada contra ou a favor da iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de propor um pacto social para impedir o aumento dos juros, desde que ela venha também acompanhada por um pacto de contenção do processo inflacionário.

"Em principio, eu não tenho nada contra nem a favor. Sempre tenho dito que sonho com a idéia de um pacto social para segurar a inflação. Claro que, ao segurar a inflação, as taxas de juros tendem a cair. Eu acho que é uma coisa que empresas e sindicatos têm que pactuar: um comprometimento de contenção do processo inflacionário", afirmou.

Lessa disse que torce para que isto seja possível, pois a idéia sempre esteve presente no cenário brasileiro, mas como proposta de outros segmentos da sociedade. "Torço para ser possível. Acho muito positivo que as entidades patronais e sindicais estejam começando a falar nisso. Porque isto sempre apareceu no debate brasileiro como tese de professores universitários ou de homens públicos. Quando a proposta começa a aparecer na boca dos empresários e dos sindicalistas é um passo à frente", disse Lessa, para depois advertir que "isto não é fácil fazer, mas é fundamental".

O presidente do BNDES, disse que entende a posição dos diretores do Banco Central de manter a taxa básica de juros da economia (Selic), no atual patamar de 16,5%. "Eu, se fosse diretor do Banco Central, também ficaria sempre muito amedrontado a qualquer risco de 'ressurgência' inflacionária. Não posso criticar, porque na cadeira em que eles estão têm que ter este tipo de preocupação".

Lessa participa, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), do seminário "Revitalização do Rio".